A cada dia, o índice de fumantes no Brasil tem diminuído significativamente. A Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) realizou uma pesquisa com 54 mil adultos. Dentre os entrevistados, apenas 19% dos homens e 12% das mulheres fumam.
O levantamento constatou que a maior queda no uso do cigarro no País ocorreu na faixa etária dos 35 aos 44 anos. Em 2006, 19% da população nessa idade era dependente do tabaco; em 2009, a proporção de fumantes era de 15%.
Segundo pesquisa da Vigitel, em quatro anos houve uma queda de 16% para 15% no número de fumantes nas capitais do Brasil. Em Rio Branco, segundo a pesquisa, 37% dos homens e 28% das mulheres deixaram de fumar.
Essa redução é explicada por uma série de ações lideradas pelo Ministério da Saúde (MS) para reduzir a atratividade do cigarro. Entre as medidas estão: a proibição de publicidade do tabaco; o aumento de impostos sobre o produto; e a inclusão de advertências mais explícitas sobre os efeitos maléficos do fumo nos maços.
A dona de casa, Maria Moreira, 33, diz que foram as imagens no verso das carteiras de cigarros que a fizeram largar o vício. "Essas figuras demonstrando os estragos que o cigarro causa ao fumante me deixaram amedrontada. O impacto foi tão forte que deixei de fumar".
Para a coordenadora do Programa Estadual de Controle do Tabagismo do Acre, Adriana Lobão, o MS, em parceria com Instituto Nacional do Câncer (INCA) e as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, desenvolve diversos projetos de controle ao Tabagismo por meio de atividades educativas para disseminar informações junto à comunidade e, assim, promover ambientes livres de tabaco.
"Além dessas atividades, existe a mobilização de iniciativas legislativas e econômicas que contribuem para criar um macroambiente social favorável à redução do consumo", explica Adriana.
Outro mecanismo adotado pelo MS para redução de fumantes são o Programa de Controle do Tabagismo e outros Fatores de Risco de Câncer, o qual visa que a população diga não ao tabaco e o Programa Ambientes Livres do Tabaco (criado através da Lei 9294/96, art.2º) que objetiva induzir, regular e certificar recintos coletivos, privados ou públicos para proibi o uso de produtos fumígeros.
A universitária Cecília Aguero, 33, relata que começou a fumar aos 18 anos e as mudanças sofridas em seu organismo pelo cigarro são nítidas: a pele, os dentes, cabelos e, ainda, a impaciência quando está sem o fumo.
"Parei de fumar com o auxilio do tratamento e acompanhamento dos técnicos de saúde, através da equipe de combate ao tabagismo. Minha vida mudou, tenho mais disposição, melhor paladar e olfato. Sou uma nova mulher", declara Cecília.
Ainda de acordo com Adriana, o Programa de Controle do Tabagismo foi implantado no Acre em 1995 e desde então desenvolve ações educativas, econômicas e legislativas. "Sob orientação do INCA nós ampliamos nossas atividades para o controle do tabagismo no estado como capacitações de profissionais da esfera municipal e estadual, assessoria técnica aos municípios, monitoramento dos dados relacionados ao tabagismo, além de outros".
Fumante passivo
O fumante passivo é o indivíduo que não fuma, mas está exposto à fumaça de cigarros de parentes, amigos ou colegas de trabalho.
Pela primeira vez, a Vigitel aferiu a freqüência de fumantes passivos na população. O levantamento aponta que 13% dos brasileiros não-fumantes moram com pelo menos uma pessoa que costuma fumar dentro de casa. Além disso, 12,8% das pessoas que não fumam convivem com ao menos um colega que fuma no local de trabalho.
O fumo passivo é mais comum na residência dos 18 aos 24 anos, representando 19%. Já no ambiente de trabalho, a situação é verificada principalmente na faixa etária dos 25 aos 34 anos (15,8%) e dos 35 aos 44 (15,7%).
Rio Branco apresenta-se em primeiro lugar do numero de homens fumantes passivos com 18% e em quarto lugar com 17, 9% de mulheres.
O Instituto Nacional do Câncer informa que, por ano, pelo menos 2,6 mil não-fumantes morrem no Brasil devido a doenças provocadas pelo tabagismo passivo. Pessoas que não fumam, mas enfrentam essas condições, têm 30% de chances a mais de desenvolver câncer de pulmão e 24% de sofrer infarto e doenças cardiovasculares.
A Lei
Em 05 de agosto de 2009, o prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim, sancionou a Lei Municipal de nº 1.764, a qual proíbe o consumo de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não de tabaco, em recintos de uso coletivo como ambientes de trabalho, estudo, cultura, esporte, entretenimento, áreas comuns de condomínio, casas de espetáculos, teatros, cinemas, bares, lanchonetes, boate, restaurantes, praças de alimentação, hotéis, dentre outros.
"A iniciativa de sancionar uma lei proibindo o uso do cigarro em ambientes coletivos foi boa, pois antigamente as pessoas fumavam em qualquer lugar, sem nenhuma inibição, desrespeitando o outro, agora depois da lei, as pessoas ficaram mais envergonhada de fumar em locais públicos", comenta a funcionária pública, Maria de Fátima Rodrigues.
Sesacre livre do cigarro
Adriana Lobão afirma que a Sede da Sesacre já é considerada um ambiente 100% livre do cigarro, pois, mesmo havendo um percentual mínimo de fumantes, esses respeitam os colegas de trabalho e não fumam nas dependências da secretaria.
"É maravilhoso poder trabalhar sem está inalando a fumaça do tabaco usado pelos colegas de trabalho, atualmente na secretaria não percebemos mais esse tipo de comportamento" comenta a funcionária Farides Bader.
As pessoas que desejam parar de fumar, devem procurar as unidades de saúde que estão localizadas nos municípios que oferecem tratamento adequado ao fumante.
(Por Renata Silva, Agência AC, 29/07/2010)