As vítimas da mancha de óleo no golfo do México pediram à justiça federal o julgamento da BP nos Estados mais atingidos pela tragédia, não no "produtor de petróleo" Texas, que tem a preferência do grupo britânico.
"Falo em nome dos bravos", afirmou na abertura da audiência, numa alegação cheia de lirismo, o advogado Russ Herman, que representa os pescadores, os hotéis e os profissionais da alimentação. Queremos um julgamento em Nova Orleans, na Louisiana, um Estado duramente prejudicado.
"A mancha de óleo pôs nossa cultura em perigo, somos responsáveis por 50% dos pescados (consumidos nos Estados Unidos), é o local que mais sofreu", afirmou para uma sala lotada.
Os sete juízes federais da comissão de contencioso jurisdicional, reunidos em Boise, capital de Idaho (noroeste dos Estados Unidos), devem decidir se as queixas podem ser reunidas numa só e sobre onde serão realizadas as audiências preliminares. Devem ouvir durante um pouco mais de uma hora e meia os argumentos de 20 advogados de todas as partes.
A audiência é presidida pelo juiz John Heyburn.
O local das audiências preliminares é objeto de várias propostas das partes queixosas: Louisiana, Alabama, Mississippi, Flórida, Carolina do Sul, enquanto Estados que sofreram diretamente a pior catástrofe ecológica da história.
As quatro sociedades responsáveis - BP, Transocean (proprietária da plataforma Deepwater Horizon, cuja explosão, em 20 de abril, causou a mancha de óleo), Cameron (fabricante do "tampão" que não pode impedir o vazamento) e a Halliburton - pediram por sua vez que as audiências fossem em Houston.
Para a maioria dos queixosos, um processo em Houston, a capital americana do petróleo, seria vista como provocação.
"Não é apenas uma cidade bem vista pelos grupos de petróleo, é uma cidade dominada por eses grupos!", declarou o advogado Herman após a audiência.
Na Louisiana, "temos uma cultura única, e ela foi ferida", disse.
A decisão dos juízes deverá ser anunciada nas próximas semanas.
(Folha Online, 29/07/2010)