Furto de madeira em área de plantio, carvoarias ilegais abastecidas com madeira proveniente de furto, exploração do trabalho infantil, incêndios criminosos em áreas de preservação, dentre outros crimes praticados em municípios do extremo sul da Bahia e que tem-se constituído como uma séria questão social e de segurança pública na região foram denunciados no dia 27, por representantes da Fibria Celulose (empresa resultante da união da Aracruz Celulose e Votorantim Celulose e Papel) ao procurador-geral de Justiça Wellington César Lima e Silva, que se comprometeu em estudar uma política de intervenção na região, buscando a conjugação de esforços e deflagração de uma ação sistêmica. Nesse sentido, o PGJ sugeriu a realização de uma reunião dentro de 30 dias com todos os atores que integram a área ambiental, de inteligência, de combate à sonegação fiscal, de segurança pública, da infância e juventude, dentre outros, para a discussão não só de medidas repressivas, como também de outras intervenções no âmbito sociocultural, na qual seriam traçadas novas perspectivas para a comunidade local. O chefe do Ministério Público estadual recebeu dos representantes da empresa – o diretor florestal Marcelo Castelli, o gerente José Antônio Vieira Neto e o coordenador de segurança patrimonial, Pedro Paulo Gracina – um farto relatório sobre o furto de madeira no extremo sul da Bahia.
Segundo o relatório apresentado, a produção ilegal de carvão e extração de madeira clandestina é fruto da necessidade do consumo de carvão por empresas siderúrgicas instaladas especialmente no estado de Espírito Santo, visando garantir o seu processo produtivo, e de olarias do Rio de Janeiro que se servem da madeira proveniente da Bahia para sustentação de seus fornos. Os envolvidos neste esquema, segundo informação da empresa, fornecem sustentação a uma rede criminosa conhecida como “máfia do carvão”, composta por carvoeiros, aliciadores, atravessadores, transportadoras, empresários e siderúrgicas. O problema é mais grave em seis municípios baianos: Nova Viçosa, Alcobaça, Teixeira de Freitas, Mucuri, Prado e Caravelas, revelaram os representantes da Fibria Celulose, que também exibiram um vídeo que denuncia a exploração do trabalho de crianças e adolescentes, que, sem perspectivas e para auxiliar a família, acabam cooptados pela atividade ilegal. O procurador-geral de Justiça Wellington César informou que entrará em contato com os promotores de Justiça que atuam nos municípios citados para solicitar que atuem com prioridade no combate aos problemas objeto da denúncia.
“Pelo seu relevante papel, recorremos ao Ministério Público e ao seu procurador-geral de Justiça no sentido de buscar a sua ajuda, bem como de outros órgãos, para que possamos lidar com essa séria questão, pois, além do impacto econômico, a atividade tem causado um grave problema social na região, com o qual não podemos mais conviver”, explicou o diretor florestal Marcelo Castelli ao final da reunião. Segundo ele, 1.500 famílias (cerca de 3 mil pessoas) tiram subsistência da produção ilegal de carvão. “Estamos certos de que existe uma organização criminosa explorando de forma ilícita o trabalho dessas pessoas, inclusive de muitas crianças”, observou o representante da Fibria Celulose, salientando que a empresa está disposta a criar projetos sociais em prol da comunidade local.
(Site Popular, 29/07/2010)