O jornal O Estado de S. Paulo publicou denúncia, no último domingo (25), de que o ex-ministro de Minas e Energia e atual senador Edison Lobão (PMDB-MA) teria montado um "esquema" para se apossar do ouro de Serra Pelada, em Curionópolis, sul do Pará.
Segundo a denúncia, a empresa Colossus Minerals Inc., com sede em Toronto, e a Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp) fecharam contrato para explorar ouro no local.
Como senador e depois como ministro, Lobão atuou pessoalmente em várias frentes, dentro e fora do governo, para possibilitar a retomada do garimpo em Serra Pelada. Primeiro, operou para formalizar a Coomigasp como proprietária do garimpo, conseguindo convencer a Vale a repassar a cooperativa o direito de explorar a mina. Depois, para tomar conta da cooperativa, fez com que aliados assumissem a Coomigasp.
O esquema para se apossar do ouro de Serra Pelada inclui o pagamento de um benefício mensal no valor de R$ 900 para 96 pessoas que vivem na área da antiga mina. Segundo o jornal, foi batizado como "mensalinho da Serra", e é alimentado pela Colossus.
A reportagem também denuncia que o grupo ligado a Lobão, que controla a cooperativa, pode estar envolvido em assassinatos de sindicalistas de Serra Pelada. A execução do sindicalista Josimar Barbosa, presidente afastado da Coomigasp e rival do grupo ligado a Lobão, teria facilitado o avanço da Colossus na mina. Barbosa foi morto com 13 tiros por dois motociclistas até hoje não identificados, e tinha obtido na Justiça o direito de voltar ao posto.
Em entrevista a O Estado de S. Paulo, ontem (27), o ex-ministro negou as acusações. "Eu jamais montei esquema. Defendo os garimpeiros há mais de 20 anos, fui lá inúmeras vezes, defender os garimpeiros, a maioria do meu Estado, o Maranhão", disse.
Questionado se tinha favorecido a Colussus, Lobão diz que não. "Quando fui nomeado ministro, esse contrato já existia. Foi feito muito tempo antes, pela direção da cooperativa, que é autônoma, e essa mineradora estrangeira. Eu nada tive a ver com esse acordo. Agora, reconheço que com ela, mineradora, ou com outra mineradora, alguma coisa deveria ter sido feita pelo fato de que ficou impossível extrair ouro de Serra Pelada".
(Amazonia.org.br, 28/07/2010)