Quase um mês após a contaminação das águas de rios da região de Huancavelica, no Peru, funcionários do Governo Regional de Huancavelica e do Instituto Nacional de Defesa Civil (Indeci) apresentaram um diagnóstico da situação das bacias e dos povoados afetados pelos dejetos da empresa mineira Caudalosa Chica. A questão foi abordada em coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira (23) pelo Centro de Operações de Emergência Regional (COER).

A contaminação aconteceu na noite do dia 25 de junho, quando a represa da mineira arrebentou e jogou centenas de toneladas de dejetos em aproximadamente 120 km nos rios Escalera, Huachocolpa, Opamayo, lircay, Urubamba e Chachimayo. As províncias mais afetadas foram: Huancavelica, Angaraes e Acobamba.

De acordo com informações do Escritório de Imagem Institucional, o diretor regional de Defesa Nacional, Segurança Cidadã e Defesa Civil, Augusto Banda Quintana, afirmou, durante a coletiva, que 793 famílias ribeirinhas estão expostas a risco de contaminação.

Além disso, destacou que várias pessoas utilizam a água dos rios na agricultura e na pecuária. Já o Diretor Nacional de Operações do Indeci, Erick Cortijo Zárate, destacou que os dejetos mineiros invadiram águas abaixo de uma média de 21,420 km nos seis rios.

Informações dão conta de que a Autoridade Nacional de Água (ANA) já anunciou que multará a empresa Caudalosa em 36 milhões de soles por conta da contaminação dos rios e exigirá da mineira que apresente um plano de mitigação e restauração da qualidade da água afetada. Análises realizadas nos rios Opamayo e Escalera apontaram que o nível de chumbo ultrapassou até 50% o permitido.

Enquanto isso, as comunidades afetadas pela empresa não ficaram de braços cruzados. No início deste mês, moradores e autoridades da província de Angares realizaram uma paralisação de 48 horas pela reparação ambiental e pelo fechamento da Caudalosa Chica. A ideia também foi pedir que o dinheiro da multa contra a empresa seja destinado à indenização das famílias afetadas.

Não bastasse a contaminação dos rios, as comunidades ainda sofreram com a falta de informação. De acordo com comunicado da Coordenadora Andina de Organizações Andinas (CAOI) divulgado no dia 30 de junho, na época, a empresa não havia alertado aos moradores sobre a contaminação dos rios, omissão que colocou a vida de crianças, homens e mulheres em risco.

"Trata-se de um atentado criminoso porque, ao não serem informados, os moradores consumiram trutas envenenadas com chumbo e outros metais tóxicos e os animais seguiram consumindo as águas contaminadas com os dejetos", relatou.

(Por Karol Assunção, Adital, 28/07/2010)