Temperaturas mais quentes estão gerando uma explosão populacional de marmotas-da-barriga-amarela, pelo menos num vale bastante estudado das Montanhas Rochosas, no Colorado.
Num estudo único e de longo prazo, cientistas acompanharam marmotas do local desde 1962. Um novo artigo compara marmotas de 1976 até 2008, em busca de efeitos do aquecimento global sobre os animais.
Ao longo desse período, os degelos do inverno começaram a chegar mais cedo, e as marmotas começaram a emergir antes da hibernação – as primeiras observações de marmotas hoje são de 20 de abril, um mês antes que em 1976. Elas também têm entrado em hibernação mais tarde do que antes.
Isso lhes dá mais tempo para comer e crescer, e o resultado é que uma marmota fêmea tinha, em média, 3,5 quilos durante a segunda metade do período de observação, cerca de 340 gramas mais que a média nos últimos anos. A descoberta foi relatada na edição atual da revista “Nature”.
Até 2000, a população seguiu estável em aproximadamente 100. Porém, conforme as marmotas ficavam mais pesadas e os invernos mais curtos, a porcentagem que sobrevivia à hibernação subiu para de 70 a 80%. Desde então, a população já triplicou.
Os dados sobre as marmotas dão algumas dicas do quão diferente as espécies podem reagir a um ambiente mutável (em comparação, cientistas reportaram, no ano passado, que os invernos mais quentes de uma ilha escocesa levaram a ovelhas menores, pois os animais menores, que no passado teriam morrido de fome, hoje sobrevivem).
E embora as marmotas do vale, que hoje totalizam 300, estejam atualmente prosperando, o aquecimento global contínuo pode não ser uma novidade tão boa, segundo os pesquisadores, devido ao maior risco de secas de verão.
(Por Kenneth Chang, The New York Times, UOL, 28/07/2010)