Vários órgãos públicos dos Estados Unidos estão preparando uma investigação criminal contra pelo menos três empresas envolvidas no vazamento de petróleo do golfo do México, mas eventuais indiciamentos podem levar mais de um ano, publicou o jornal "The Washington Post" nesta quarta-feira (28).
As empresas BP, Transocean e Halliburton são os alvos iniciais da abrangente investigação, destinada a "examinar se suas relações íntimas com os reguladores federais contribuíram com o desastre petroleiro no golfo do México", segundo o jornal, citando fontes oficiais.
O governo federal está montando em Nova Orleans um "esquadrão BP", composto de funcionários da Agência de Proteção Ambiental, da Guarda Costeira e de outros órgãos.
Seu trabalho será o de examinar "se funcionários da empresa [BP] fizeram declarações falsas aos reguladores, obstruíram a Justiça ou falsificaram resultados de testes para dispositivos como o 'blowout preventer' [válvula antiexplosão] defeituoso da plataforma [Deepwater Horizon, que explodiu em 20 de abril, dando início ao vazamento]".
Na terça-feira (27), a BP disse que a Securities and Exchange Comission (SEC, equivalente a Comissão de Valores Mobiliários no Brasil) e o Departamento de Justiça haviam iniciado uma investigação sobre transações com ações feitas em decorrência do vazamento.
ALERTA
O recém-nomeado presidente-executivo da empresa, Bob Dudley, disse na terça-feira que o vazamento foi um "alerta" para todo o setor.
A BP já reservou menos US$ 32 bilhões para indenizações e limpeza, mas a cifra ainda pode subir.
O "The Washington Post" disse que uma "linha emergente de inquérito" do "esquadrão BP" é descobrir se inspetores do órgão governamental de regulamentação do setor petroleiro "pouparam as empresas em troca de dinheiro e outras benesses".
Os investigadores planejam jogar testemunhas umas contra as outras para obterem informações, disse o "Post".
Citando uma fonte oficial, o jornal disse que não há nenhuma decisão em breve a ser tomada e que "pode apostar" que eventuais indiciamentos levarão "mais de um ano".
(Folha Online, 28/07/2010)