A empresa BP anunciou que pode tampar já na segunda-feira o poço que provocou o pior vazamento de petróleo na história dos Estados Unidos, enquanto crescem especulações sobre quais patrimônios ela poderia vender para arcar com os custos do acidente.
O futuro executivo-chefe da empresa, Bob Dudley, disse que a BP continuará envolvida no processo de limpeza da mancha de óleo bem depois que o vazamento tiver sido tampado, e manifestou otimismo quanto à recuperação do dano ambiental no golfo do México.
"É possível que já na segunda ou terça-feira esse poço possa ser 'morto'", disse Dudley nesta quarta-feira à Rádio Pública Nacional dos Estados Unidos. "Não há precisão, nada garantido. Estou esperançoso e acredito que tenhamos visto o fim do óleo fluindo no Golfo."
Cem dias depois da explosão de uma plataforma marítima que matou 11 empregados e deu início ao vazamento no poço Macondo, investigações civis e criminais nos Estados Unidos buscam apurar se a BP e outras empresas enganaram reguladores e investidores.
"A investigação está em andamento... haverá um inquérito criminal além da investigação civil, e ela envolve mais do que simplesmente a BP", disse o secretário de Justiça norte-americano, Eric Holder, no Cairo.
A BP diz que o Departamento de Justiça e a SEC (equivalente à brasileira Comissão de Valores Mobiliários) estão investigando o comportamento do mercado em relação ao vazamento.
O jornal "The Washington Post" disse que um "Esquadrão BP", composto por vários órgãos públicos, está conduzindo a investigação criminal, mas que eventuais indiciamentos podem levar mais de um ano.
A BP também está exposta a vários processos privados e pedidos de indenização por causa dos prejuízos decorrentes do acidente, especialmente nos setores de pesca e turismo na costa sul do país.
A empresa já pagou US$ 256 milhões (R$ 451 milhões) a pessoas e empresas prejudicadas pelo acidente, e pretende liberar outros US$ 60 milhões (R$ 106 milhões) em agosto.
Embora o petróleo tenha parado de jorrar, ainda há uma enorme operação de limpeza, que segundo especialistas vai levar meses. A mancha de óleo principal parece ter se dispersado, e técnicos estão analisando a extensão da poluição no mar.
"Estamos nos sentido muito cautelosamente otimistas com o poço tampado e o fato de que não estamos vendo muito óleo na água", disse Steven Poulin, capitão da Guarda Costeira.
"Posso lhes dizer que há muita água azul por aí, e um brilho só muito limitado, e trechos muito limitados, devo salientar, de óleo emulsificado. Não estamos vendo muito óleo por aí que seja retirável", disse ele.
Quase 150 mil quilômetros quadrados de águas do golfo do México estão interditados à pesca, e mais de 950 quilômetros de litoral em quatro Estados norte-americanos foram afetados pelo óleo, segundo os dados mais recentes do governo.
(Folha Online, 28/07/2010)