Com um total de 160 empresas associadas, responsáveis por mais de 60% da cana-de-açúcar moída no País, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), com sede em Piracicaba (SP), completa este ano cinco anos de gestão independente. Criado em 1969 pela Copersucar, o CTC é, desde 2004, entidade de pesquisa, sem fins lucrativos, mantida por empresas associadas.
Para marcar a data, o centro lançou ontem, em São Paulo, o Relatório de Realizações 2005/2010, que cobre todas as atividades do CTC no período, e apresentou um cenário do setor sucroenergético para os próximos dez anos. "Saímos de 29 associados em 2005 para 160 em 2010, expandimos a atuação para todos os Estados canavieiros, por meio de polos regionais, e ampliamos o foco para o produtor", diz o superintendente do CTC, Nilson Zaramella Boeta. Fazem parte do quadro de associados do centro, hoje, 12 mil agricultores.
Biotecnologia, etanol de segunda geração (celulósico) e variedades de cana mais produtivas e "regionalizadas" são algumas das prioridades nos próximos anos. "Os associados vão continuar participando da seleção de variedades de cana, cada vez mais adaptadas a determinada região." Em cinco anos, o CTC desenvolveu 20 variedades de cana e mapeou solos de 2 milhões de hectares. Nos próximos três anos serão mapeados outros 2 milhões de hectares de solos, adianta o superintendente. Sobre a pesquisa com cana transgênica, Boeta informa que está em fase de laboratório. Nesta área a meta é aumentar o índice de Açúcar Total Recuperável (ATR) das associadas das atuais 12,6 toneladas por hectares para 16,6 toneladas/hectare.
Planta. O etanol celulósico é outra frente do CTC, que mantém parceria com a empresa dinamarquesa Novozymes, há dez anos estudando o desenvolvimento de enzimas capazes de aproveitar resíduos agrícolas para produzir etanol celulósico. "Já temos uma planta-piloto em Piracicaba com capacidade de produção pequena, de mil litros por lote. Mas em 2012 vamos criar uma planta com capacidade industrial, produzindo um quarto do que produz uma usina", diz Boeta.
Segundo ele, o desafio é elevar a produtividade em 40% usando bagaço e palha de cana. "Assim que o processo operacional da planta estiver funcionando vamos repassar a tecnologia aos associados."
À espera de votação
A transformação do CTC em Sociedade Anônima, divulgada em abril, ainda não foi votada em assembleia e o centro permanece como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip).
Setor
O CTC conseguiu expandir sua atuação para além de São Paulo
7,5 milhões de hectares é a área ocupada hoje pelas lavouras de cana-de-açúcar no País
12 mil produtores de cana compõem o quadro de associados do CTC
60% da cana moída no País é o que representam os 160 associados do CTC. São 143 empresas e 117 fornecedores
(Por Fernanda Yoneya, O Estado de S.Paulo, 28/07/2010)