O presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), Edilson Paiva, participou nesta segunda-feira (26), em Natal (RN), da 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O geneticista proferiu palestra com o tema Biossegurança de Transgênicos. Na ocasião, defendeu o uso dos organismos geneticamente modificados (OGMs) na agricultura brasileira como forma de desenvolvimento do País.
Para Paiva, pensar nos transgênicos como ameaça é um retrocesso. “Hoje, questionamentos em torno dos transgênicos são constantes. A questão é que esses questionamentos são os mesmos de anos atrás. Nossa ciência evoluiu muito e conseguimos provar que não existe mal nos OGMs, apesar disso recebemos as mesmas dúvidas sempre”, disse.
Paiva falou sobre a crise dos transgênicos. “Existem os favoráveis aos transgênicos, que os veem como uma tecnologia que nos permite uma vida mais longa, sustentável e saudável. Apesar disso, existem grandes corporação que são contrárias à aprovação dos transgênicos. Por uma simples questão de interesse comercial e, por isso, bombardeiam a opinião pública com informações erradas”, ressaltou.
Hoje, a área de cultivo de transgênicos no mundo é de 134 milhões de hectares. Em 1996, era de apenas 1,7 milhão. O mercado de organismos geneticamente modificados, com mais de 45 eventos – cultivares de transgênicos – disponíveis no mundo, movimenta hoje mais de US$ 9 bilhões por ano.
“As plantas transgênicas não podem ser vistas como um Frankenstein. O futuro caminha para a produção de transgênicos. Com eles, conseguimos produzir produtos mais saudáveis e com áreas plantas menores. Precisamos correr contra o tempo porque estamos atrasados em termos de produção de OGMs. Para se ter uma ideia, os Estados Unidos têm uma área plantada de mais de 60 milhões de hectares. Estamos em segundo lugar com 21,4 milhões. Em terceiro, está a Argentina com 21,3 milhões”, disse.
CTNBio
A Comissão Técnica já aprovou quatro variedades de soja, 12 de milho, seis de algodão, nove de vacinas e uma de microorganismos. Além disso, tem 292 instituições que certificam a qualidade dos transgênicos e já liberou mais de mil pesquisas planejadas no meio ambiente.
A CTNBio é uma instância colegiada multidisciplinar, criada por meio da lei nº 11.105, de 24 de março de 2005, cuja finalidade é prestar apoio técnico consultivo e assessoramento ao governo Federal na formulação, atualização e implementação da Política Nacional de Biossegurança relativa a Organismo Geneticamente Modificado (OGM), bem como no estabelecimento de normas técnicas de segurança e pareceres técnicos referentes à proteção da saúde humana, dos organismos vivos e do meio ambiente, para atividades que envolvam a construção, experimentação, cultivo, manipulação, transporte, comercialização, consumo, armazenamento, liberação e descarte de OGM e derivados.
(ABN, 27/07/2010)