O presidente uruguaio, José Mujica, disse hoje que seu país está em "uma guerra" contra a multinacional Philip Morris, que pretende processar o Estado por sua política antitabaco.
"Nos metemos em uma guerra e estamos brigando com monstros que têm mais recursos que o Estado uruguaio. Por favor, companheiros, precisamos estruturar um conjunto de políticas que não se organizam com uma medida nem com um golpe", disse Mujica em seu habitual pronunciamento via rádio.
Em 19 de fevereiro, a companhia Philip Morris anunciou que iria processar o Estado uruguaio por prejuízo causados pelas leis que limitam o consumo de tabaco no país. Por outro lado, ontem, o ex-presidente Tabaré Vázquez fez críticas ao atual governo por ser flexível com a indústria tabagista.
Em seu programa "Fala o presidente", Mujica disse que esta é "uma guerra não declarada", afirmando que os cidadãos do país estão "presos", porque "precisamos de novos instrumentos que não temos do ponto de vista jurídico".
No mesmo discurso, o mandatário afirmou que o governo está consultando especialistas em direito internacional para saber a estratégia que deve adotar frente uma reivindicação da empresa.
Segundo ele, "o julgamento acontecerá na Suíça, com advogados que nos cobram US$1,5 mil por hora e estas instâncias duram meses", e considerou que, "se perdermos, teremos que pagar milhões de dólares". "Então isso não se resolve com declarações na imprensa, mas precisa de um compromisso para encontrar a melhor saída", completou.
A fala do presidente também foi uma resposta às acusações que Vázquez fez contra o atual governo.
Durante sua administração, Vázquez, que é médico, proibiu que o fumo em espaços públicos fechados, como bares e discotecas, estabelecendo multas de mais de US$ 1 mil para quem violar a regra, além de impor restrições severas à publicidade de cigarros.
Com a política antitabagista do ex-presidente, o Uruguai se tornou o primeiro país da América Latina e o quinto do mundo a estabelecer controles sobre o consumo de tabaco.
(ANSA, 27/07/2010)