“A temperatura em várias regiões do Nordeste brasileiro aumentou 3,5°C nos últimos 40 anos”, afirmou nesta segunda-feira (26), na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Natal (RN), o metereologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), Paulo Nobre. Segundo ele, os efeitos das mudanças climáticas, sem dúvidas, são responsáveis pelo aquecimento.
Nobre destacou, ainda, que, em função do aumento da temperatura, os eventos extremos – chuva forte e calor excessivo – estão ocorrendo com mais frequência. Entre eles, chuva de mais de 100 milímetros num espaço de menos de 24 horas são exemplos da mudança de temperatura. “A população ribeirinha, por exemplo, tem sofrido muito com o aquecimento da região Nordeste. As erosões são mais constantes, as enchentes, além das descargas ambientais”, citou o metereologista.
O especialista citou que a chuva que ocorre em Alagoas e Pernambuco são oriundas de um aquecimento global ocasionado principalmente pelo desmate de árvores e pela emissão desenfreada de gases de efeito estufa. “Estamos há décadas atrasados. Nosso País já desmatou muito, sem ter a verdadeira consciência dos prejuízos futuros. Hoje, temos essa consciência e, por isso, precisamos correr com os programas de reflorestamento. Não basta apenas derrubar uma árvore aqui e replantar outra ali. Devemos ter um programa de replantio com o apoio principalmente do governo Federal”, disse.
Segundo Nobre, o aumento considerável na temperatura de certas regiões nordestinas pode ser explicado devido à falta de vegetação. “Em regiões com baixa vegetação, a água não é retida no solo e, mais que isso, não existe água para evaporar. Desse modo, a seca provoca o aumento da temperatura de forma mais acelerada se comparado com outras regiões com uma vegetação mais satisfatória”, disse.
Entre as soluções para os problemas do Nordeste, Nobre, citou algumas. “O governo precisa criar programas de reflorestamento e empregar neles os sertanejos. Além disso, investimentos em matrizes energéticas limpas e, principalmente, trabalhar a questão da preservação do meio ambiente com as nossas crianças. Na escola é possível fazer muito pelo nosso País. A discussão que propus aqui (SBPC) é criar essa emblemática, que a água não é o problema, mas o Sol é a nossa solução. A população precisa se adaptar às mudanças globais e saber viver com o clima alterado”, enfatizou.
(ABN, 27/07/2010)