Depois de dois meses no Ártico, o navio Esperanza do Greenpeace finaliza a sua expedição com dados valiosos sobre a vida marinha de uma região de biodiversidade ainda pouco conhecida pelo homem. As informações coletadas apresentam também as ameaças mais iminentes a esse ecossistema, como o aquecimento global.
Além de técnicos, os resultados também foram visuais: nossa equipe de imagens registrou áreas ainda não exploradas do norte de Svalbard, de incrível beleza e diversidade biológica.
Infelizmente, ficou claro que a região encontra-se sobre forte ameaça, proporcionada principalmente pela expansão das atividades industriais desenvolvidas na área como a pesca e a exploração de gás e óleo. O ciclo é um só: boa parte das áreas que se encontram exploradas por esses vetores são regiões que antes eram cobertas por gelo, mas derreteram em conseqüência do aquecimento global. “Pudemos observar uma rica, mas sensível, biodiversidade. Permitir atividades como a pesca industrial nessa região coloca em risco muitos habitats e espécies que ainda não foram apropriadamente estudados”, afirma Frida Bengtsson, do Greenpeace Nórdico.
A expedição contou com a participação de cientistas do Instituto Leibniz de Ciências Marinhas (IFM-Geomar), da Alemanha. Por isso, foram transportadas 30 toneladas de equipamentos científicos, incluindo nove sistemas de monitoramento marinho chamados "mesocosmos", que foram instalados nas proximidades das ilhas Svalbard. Hoje, já se sabe que os níveis elevados na atmosfera de dióxido de carbono (CO2), principal gás do efeito estufa, mudam a composição química da água, deixando-a mais ácida – e aumentando o risco à vida marinha. A pesquisa trata justamente sobre a acidificação dos oceanos e a relação desse fenômeno com a cadeia alimentar não só do Ártico, mas de todo o planeta.
O Oceano Ártico merece ser totalmente protegido como uma reserva marinha. O Greenpeace pede uma moratória de todas as atividades industriais na região, incluída a pesca. Algo similar já foi feito na Antártida, onde uma moratória assinada em 1991 por 39 países proíbe, por 50 anos, todo tipo de exploração mineral.
(Greenpeace Brasil, 27/07/2010)