Brasil, África do Sul, Índia e China - países que integram o grupo Basic - deram mais um passo rumo a uma posição consensual conjunta que será levada à conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-16), em Cancún (México), no fim deste ano. Terminou ontem (26), no Rio de Janeiro, a quarta reunião do grupo, em que foram debatidas formas de conter o aquecimento global, por meio de uma divisão mais equânime do espaço global de carbono.
Ao final do encontro, em entrevista coletiva à imprensa, os ministros participantes classificaram o evento como "um avanço". Eles reforçaram a importância da equidade na divisão global do espaço de carbono, bem como a necessidade de que os países ricos - que se comprometeram a oferecer recursos para projetos que possam conter o aquecimento do planeta - não fujam à responsabilidade assumida em Copenhague, durante a COP-15, em dezembro de 2009.
"Esta foi uma oportunidade de discutir, com embasamento técnico e científico, essas questões [relativas às mudanças climáticas e às emissões de gases-estufa]", avaliou a ministra brasileira do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, na coletiva concedida logo após o término da reunião ministerial, que contou com a participação dos ministros Jairam Ramesh, da Índia, Buyelwa Sonjica, da África do Sul, e Xie Zhenhua, da China. De acordo com Izabella, o encontro no Rio de Janeiro significou avanços importantes para os quatro países no sentido de reforçar e consolidar um posicionamento que será apresentado no México.
Para o ministro do Meio Ambiente da China, os países do Basic estão conscientes da necessidade de tratar do assunto 'mudanças climáticas', e de coordenar seus pontos de vista, visando à COP-16. E, segundo ele, a reunião do Rio de Janeiro contribuiu para isso. "Nesse ponto, tivemos avanços, Num momento de desafio climático, devemos insistir em uma posição comum para que possa haver avanços significativos em Cancún", comentou Zhenhua.
Na opinião do ministro indiano, a reunião na capital fluminense foi um sucesso. "O Rio é o lugar onde tudo começou, com a Rio-92", lembrou. Jairam Ramesh disse, ainda, que desde a criação do Basic, os quatro países integrantes têm trabalhado juntos para construir uma agenda comum em relação à mudança do clima, levando em consideração o fato de todos serem países em desenvolvimento. E prometeu: "Nos próximos meses, vamos consolidar ainda mais as discussões."
Para Ramesh, dois aspectos da reunião ministerial do Rio de Janeiro merecem destaque: a reunião de especialistas e negociadores internacionais, que precedeu a de ministros; e a participação de um país convidado, no caso, a Venezuela. De acordo com o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, diretor do Departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do Ministério das Relações Exteriores, a partir de agora, toda vez que o Basic se reunir, um país será convidado a participar. "Vamos convidar países com pontos de vista diversos, para que possam enriquecer o debate", explica.
A ministra sul-africana lembrou que o Basic é um espaço de diálogo no âmbito do G-77, grupo ao qual Brasil, África do Sul, Índia e China também fazem parte. Buyelwa Sonjica destacou, ainda, a necessidade de maior apoio das nações ricas para que os países em desenvolvimento possam alcançar o que todo o mundo espera, em termos de contenção do aquecimento global.
Os ministros do Basic se reúnem ainda uma vez mais antes da COP-16. Será em outubro, nos dias 10 e 11, em Pequim (China). O tema 'equidade e divisão global do espaço de carbono' permanece na pauta.
(Por Maiesse Gramacho, MMA, 26/07/2010)