O mineroduto que transporta minério de ferro da Samarco Mineração S/A, de Minas Gerais à Anchieta, no sul do Estado, rompeu e derramou minério no rio São Sebastião, em Minas Gerais. A informação da empresa é que apesar do acidente, não houve contaminação, entretanto, o fornecimento de água para o município mineiro de Espera Feliz foi interrompido.
Segundo divulgado na região, a Samarco informou que o minério não contamina a água, deixando-a somente escura. A empresa informou também que forneceu quatro caminhões-pipa para abastecer a cidade e providenciou um outro ponto de captação de água. O bombeamento de minério só foi interrompido após duas horas do acidente, como apontam moradores.
A empresa ainda não informou a causa do acidente no mineroduto construído há dois anos. Sabe-se apenas, que o rio atingido é responsável por 70% do abastecimento da cidade de Espera Feliz.
Além deste, outro mineroduto será construído para transporte de minério entre Minas Gerais e Espírito Santo, porém, somente até Presidente Kennedy, no extremo sul do Estado. O empreendimento faz parte dos projetos da Ferrous Resources, que vem gerando polêmica na região.
A informação da Federação de Pesca do Espírito Santo é que o empreendimento vem sendo imposto em detrimento aos impactos que irá gerar na região. Segundo o presidente da entidade, Adwalber Lima, conhecido como Franklin, o empreendimento irá interferir na área de pesca, prejudicando mais de 150 pescadores. Mas, até a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), nenhum comunicado sobre o empreendimento havia sido feito aos pescadores.
Segundo o Relatório de Impacto Ambiental (Rima), o terminal portuário privativo para embarque de mineroduto fará parte da unidade de produção do Grupo Ferrous e deverá exportar anualmente 25 milhões de toneladas, por um mineroduto com aproximadamente 400 quilômetros de extensão.
Segundo Franklin, a área demandada é exatamente a área utilizada para a pesca do camarão que sustenta as famílias da região. “As famílias vivem há 50 anos deste recurso e só somos informados sobre o que se passa porque estamos cobrando muito”.
A informação dos pescadores é que a empresa, além de não propor nenhuma ação de mitigação aos danos dos pescadores, está cercando as áreas de alagados, de onde são retirados semanalmente mais de dois mil quilos de bagres africanos, para comercialização.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 26/07/2010)