O ex-presidente uruguaio Tabaré Vázquez (2005-2010) expressou hoje seu "rechaço total" à flexibilização da luta contra o cigarro impulsionada durante seu governo e que agora é conduzida pelo Ministério de Saúde Pública do país.
"Apoio o companheiro [atual mandatário, José] Mujica, mas nisto não posso acompanhá-lo", assinalou o ex-chefe de Estado, que fez da política anti-tabaco uma das bandeiras de sua administração.
Vázquez anunciou que denunciará publicamente a situação durante o Congresso Sul-Americano de Onconologia, que ocorrerá em Buenos Aires nesta semana.
Para ele, a flexibilização que o governo pretende adotar significa "um passo atrás e uma mostra de debilidade no que é a luta contra esta pandemia mundial, o tabagismo, que causa milhões de mortes no mundo".
O ex-presidente responsabilizou a multinacional Philip Morris, que iniciou um processo contra o país, de exercer uma "pressão chantagista" contra as autoridades para "dobrar sua vontade e logo sacar lucros".
O Ministério da Saúde Pública do Uruguai decidiu retroceder em sua campanha contra o cigarro e anunciou que reduzirá o tamanho das imagens de advertência nas embalagens, ao mesmo tempo em que analisa a volta da permissão para o uso da palavra "Light" quando for esclarecido que não implica dano menor à saúde.
Durante seu governo, Vázquez proibiu o fumo em espaços públicos fechados como bares e casas noturnas, e impôs severas restrições à publicidade das empresas do ramo.
(ANSA, 26/07/2010)