Os produtores brasileiros de soja poderão enfrentar dificuldades no controle do percevejo caso as indústrias não disponibilizem novas moléculas no mercado nacional nos próximos cinco anos. Com a retirada total do endolsufan do mercado, prevista pela Anvisa para ocorrer até julho de 2013, restarão apenas seis princípios ativos recomendados para uso no país. O problema se agrava já que dois deles - o metamidofós e o acefato - são os próximos na mira da Anvisa.

Outros três são misturas com piretroides, que matam predadores naturais, e um praticamente sumiu do mercado. Clara Beatriz Hoffmann Campo, pesquisadora da área de Entomologia da Embrapa Soja, espera que, interessadas em não perder essa fatia de mercado, indústrias ofereçam novas opções para migração neste intervalo de tempo. "Esperamos ansiosamente que as empresas desenvolvam ou lancem produtos novos que não sejam misturas", diz Clara ao lembrar que uma molécula pode levar até dez anos ano para chegar ao campo.

Além da baixa oferta, há temor entre especialistas que o maior uso de um mesmo produto aumente a resistência do inseto. No caso do controle da lagarta, a preocupação dos especialistas é bem menor, pois há à disposição 19 princípios ativos, além da soja BT que está a caminho e deve ser lançada em 2011. Mesmo assim, será um período de baque já que o endolsufan é um produto mais barato.

Apesar do cenário traçado, no Rio Grande do Sul, entidades representativas estão tranquilas. O secretário geral da Aprosoja, Laércio Pilau, disse que o endosulfan vem caindo em desuso entre os gaúchos nos últimos dois anos. "Cresceu a consciência de que é preciso usar agroquímicos menos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente e também houve uma redução de oferta do produto no comércio."

A Farsul também não vê motivo para preparar os sojicultores para a troca. Segundo Elmar Konrad, que coordena um dos grupos técnicos da federação, esse trabalho já é desempenhado por assistentes técnicos da Emater e agrônomos contratados por empresas que realizam a venda destes produtos.

(Correio do Povo, 25/07/2010)