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sacolas e embalagens plásticas tecnologias limpas
2010-07-26 | Tatianaf

Uma cidade com 13,5 milhões de pessoas, quase sem transporte público, onde o esgoto corre a céu aberto e o trânsito para com a chuva.

Vítima constante de tufões e de enchentes, Dacca, a capital do Bangladesh, poderia ser a cidade mais poluída do mundo, mas dá exemplo de baixa emissão de carbono, consumo responsável e tecnologia sustentável.

Desde 2002, a cidade baniu do comércio as sacolas plásticas que entupiam os bueiros. Nas lojas e supermercados, o consumidor sai com sacolinhas semidescartáveis de juta (fibra de planta) ou pano, que se desfazem em poucos dias.

Sozinha, Dacca descartava 9,3 milhões de sacos plásticos por dia - só 15% iam para o lixo tratado, o restante terminava nos córregos e rios.

Os bengaleses responsabilizam as sacolas plásticas pelas inundações de 1989 e 1998, que deixaram dois terços do país debaixo d'água.

Mesmo oito anos após o fim das sacolinhas, o país ainda não conseguiu limpar dos rios esses detritos, cuja decomposição demora mil anos. Todos os anos retira pelo menos dois caminhões de restos de plásticos dos rios.

Agora, o país, um dos mais pobres do mundo, exporta sacolas ecológicas para EUA, Europa e Japão. Só no ano passado, as exportações bateram US$ 547 milhões.

"É fashion ter uma sacola ecológica "made in Bangladesh". Mas sustentabilidade não é mais luxo inacessível; aqui é questão de sobrevivência", disse Gofran Ahmad, diretor do Grameen Shakti, braço do grupo Grameen, cuja política de microcrédito valeu um Prêmio Nobel da Paz ao país.

Com exceção dos poucos carros importados, toda a frota utiliza gás natural. O país tem reservas até 2020.

Em Bangladesh, não há proibição à gasolina. A população aderiu porque o gás custa 40% menos.
Com parte dos mananciais contaminados por arsênico, Bangladesh desenvolveu um sistema avançado de reaproveitamento de água da chuva, menos contaminada.

MICROCRÉDITO
Bangladesh é também um dos países com maior experiência no mundo na utilização de energia solar.
No país, só 38% da população tem acesso à rede elétrica, cuja geração depende de termelétricas a gás. Nas regiões mais remotas, o sol é a única fonte de energia.

Até 2009, o Grameen tinha instalado 3 milhões de kits de energia solar, a maioria financiado por microcrédito.

Empresas verdes desenvolveram esses kits - três lâmpadas fluorescentes, uma geladeira e uma TV - a US$ 250, com capacidade para atender ao consumo de quatro adultos.

Há dez anos, custavam quase US$ 1.000.

Segundo Gofran, Bangladesh só não exporta tecnologia solar porque mal atende a demanda interna.

Em 2007, uma escola de Rudrapur (Grande Dacca) ganhou o prêmio Aga Khan de Arquitetura. Construída à mão com bambu, a escola tem uma estrutura que aproveita a luz natural, facilita ventilação e dispersa o calor.

O governo tem papel coadjuvante nas iniciativas ecológicas. Os maiores incentivadores são as ONGs e instituições do terceiro setor.

(PorToni Schiarretta, Folha de S. Paulo, IHU-Unisinos, 25-07-2010)


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