Democratas decidem evitar confronto por ainda não terem votos para aprovar legislação contra gases-estufa
Partido de Obama diz que se contenta com medida contra derrame de petróleo; oposição quer mais concessões
Naufragou no Senado americano a tentativa de avançar uma lei de reforma climática nos EUA antes do recesso de agosto, após legisladores democratas admitirem que abandonarão a questão por enquanto por não ter votos para aprová-la.
A proposta de reforma pretendia colocar limites nas emissões de carbono, às quais cientistas creditam as mudanças climáticas. A indefinição sobre cortes de emissão nos EUA é um dos principais entraves para um acordo global sobre o clima.
Nos país, porém, a confiança de políticos conservadores e do público em geral nessa correlação vem caindo. No ano passado, só 36% dos americanos afirmavam crer que o aumento da temperatura do planeta é causada pela ação do homem, enquanto só 35% consideravam o aquecimento global "um problema muito sério" (dados do Instituto Pew).
O senador Harry Reid, líder da maioria na Casa, afirmou que em vez da reforma vai tentar apenas aprovar uma medida focada na reação ao atual vazamento de petróleo da plataforma da BP no golfo do México.
Seria garantido assim o pagamento da BP pela operação de limpeza áreas atingidas, além de promovida a produção de gás natural. Casas americanas também teriam mais exigências de eficiência energética.
"Sabemos onde estamos", disse Reid. "Sabemos que não temos os votos [suficientes para a lei mais ampla]."
Enquanto isso, oponentes das restrições aos gases do efeito estufa tentavam aproveitar o ímpeto para cortar regulamentos já estabelecidos.
O senador Jay Rockefeller, democrata de Virgínia Ocidental -Estado produtor de carvão-, afirmou que começou a pressionar para derrubar regras da agência de proteção ambiental sobre emissões de usinas elétricas.
"É o Congresso, não os reguladores federais, que deve estabelecer políticas energéticas para o país", disse ele.
A Câmara já aprovou sua lei de mudança climática, mas está à espera da lei do Senado para harmonizar as duas versões antes de enviar a proposta final para sanção da Casa Branca.
(Por Andrea Murta, Folha de São Paulo, 24/07/2010)