O chanceler argentino, Héctor Timerman, apostou nesta sexta-feira na despolitização do conflito com o Uruguai pela instalação de fábricas de celulose na parte vizinha do rio partilhado e disse que corresponde aos cientistas determinar o impacto ambiental da atividade industrial nas duas margens.
"Desde o início sempre dissemos que estamos falando de um tema de controle ambiental. Sigo pensando igual. Não é um problema político e não devemos politizá-lo", ressaltou Timerman hoje em seu twitter.
"Decidimos abrir ao controle científico, e só científico a todos os estabelecimentos industriais e agrícolas que estejam sobre ambas margens do Rio Uruguai e em primeiro lugar a fábrica da Botnia-UPM, assim como aqueles que se instalem no futuro", acrescentou.
O conflito com o Uruguai "deve ser resolvido deixando nas mãos dos cientistas que estudam e monitoram o impacto no Rio Uruguai das atividades industriais e agrícolas que se desenvolvem nas duas margens do rio", continuou o chanceler, que assumiu em junho e se tornou popular por suas intervenções nas redes sociais.
Na reflexão que colocou em sua página, Timerman coincide com as declarações do presidente do Uruguai, José Mujica, ao jornal "La República" nas quais apontou que o controle da fábrica de celulose UPM (ex-Botnia) será realizado por "cientistas, nem jornalistas, nem ativistas, nem políticos".
Timerman e o chanceler uruguaio, Luis Almagro, se reuniram na quarta-feira em Buenos Aires e acordaram um prazo de 48 horas de reflexão para estudar saídas para o conflito bilateral.
O período de reflexão conclui nas próximas horas, mas nem a Argentina nem o Uruguai confirmaram até o momento se haverá nova reunião ou contatos.
Meios de comunicação dos dois países especulam com a possibilidade de que o acordo para canalizar as diferenças se firme na próxima Cúpula do Mercosul, que será realizada na cidade argentina de San Juan no dia 3 de agosto.
O Tribunal Internacional de Haia estabeleceu em abril que o Uruguai violou o tratado bilateral de administração compartilhada do rio ao permitir, de forma unilateral, a instalação da fábrica de celulose, e embora considere que não está demonstrado que ela contamine, pediu aos dois países que façam controles conjuntos.
(Efe, 24/07/2010)