Novembro será decisivo para o futuro dos produtores de tabaco no Brasil, sobretudo no Rio Grande do Sul e nos outros dois Estados do Sul do país (Santa Catarina e Paraná). É quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidirá algumas regras sobre as variedades que poderão ser usadas na produção internacional de cigarros.
A OMS quer proibir a inserção de produtos químicos numa das subespécies de tabaco, o burley, cultivado por 25 mil famílias gaúchas.
Para debater a polêmica, representantes de seis países da América Latina (Brasil, Argentina, Colômbia, Equador, Guatemala e República Dominicana) estiveram reunidos, na semana passada, em Buenos Aires, na Argentina. Uma das resoluções foi a união de forças contra a intenção da OMS.
Presente ao encontro, o português António Abrunhosa, diretor-executivo da Associação Internacional de Produtores de Fumo (ITGA), considerado uma das maiores autoridades no assunto, lançou um alerta. Para ele, a mudança pode provocar forte impacto social, pois existem alguns fatores desfavoráveis à mudança de cultivo de variedades. Um deles é a necessidade de os agricultores passarem por um treinamento, já que o cultivo de virgínia é bem diferente do burley. Mas o fator mais complicado é a questão regional e climática. A virgínia, segundo o setor, não se adapta na maior parte dos locais onde hoje predominam o burley.
De concreto, cada país montou comissões para discutir o assunto e tomar a decisão no encontro que ocorrerá em novembro, em Punta del Este, no Uruguai. No Brasil, o governo federal já estruturou uma comissão para a implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. Segundo Tania Cavalcante, secretaria-executiva da comissão, a intenção é proibir os aditivos químicos, não porque eles fariam mal à saúde, mas, sim, porque deixariam o cigarro mais atrativo, escondendo o gosto do fumo.
(Por Hermes Lorenzon, Zero Hora, 23/07/2010)