Um estudo divulgado ontem pelo Instituto Trata Brasil e pela Fundação Getulio Vargas (FGV) apurou que, em 2009, de acordo com o Datasus, dos 462 mil pacientes internados por infecções gastrointestinais, 2.101 faleceram no hospital. Cada internação custa, em média, R$ 350,00. "Com a universalização do acesso à rede de esgoto teríamos uma economia de R$ 745 milhões em internações ao longo dos anos. Haveria uma redução de 25% no número de internações e de 65% na mortalidade, ou seja, 1.277 vidas seriam salvas", afirma Fernando Garcia, pesquisador da FGV.
A pesquisa Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Básico revela ainda que, por ano, 217 mil trabalhadores precisam se afastar de suas atividades devido a problemas gastrointestinais ligados à falta de saneamento. A cada afastamento, perde-se 17 horas de trabalho em média e cerca de R$ 238 milhões por ano em horas pagas e não trabalhadas. Por outro lado, ao ter acesso à rede de esgoto, um trabalhador aumenta sua produtividade em 13,3%.
Outro ponto do estudo mostra que o valor dos imóveis cresce progressivamente à medida que aumenta o percentual da população com acesso à rede de esgoto. A valorização pode atingir até 18%. Esse número corresponde a um imóvel em cidade de porte médio, que não era atendido por rede de esgoto e passa a ser beneficiado integralmente pela cobertura.
Já em parâmetros nacionais, o levantamento indica valorização média de 3,3%. Isso acontece porque o impacto econômico da universalização do saneamento básico é diferente em cada estado. Nas regiões mais carentes de infraestrutura, por exemplo, o efeito da valorização imobiliária é maior. É o caso de Rondônia (15,4%), Amapá (15,2%) e Pará (12,1%).
Na outra ponta, em estados com infraestrutura urbana mais desenvolvida e onde os preços já são mais altos, o efeito econômico da implantação da rede de esgoto é menor. É o caso de São Paulo (0,3%), Distrito Federal (0,5%) e Minas Gerais (0,8%), onde os menores potenciais foram constatados.
O índice de atendimento da população quanto ao abastecimento de água no País atingiu 81,2% em 2008, enquanto a coleta de esgoto foi de apenas 43,2%. A pesquisa cita dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades. Segundo estimativa, para esses números chegarem a 100%, seria necessário um investimento anual de R$ 15 bilhões até, pelo menos, o ano de 2025.
(JC-RS, 21/07/2010)