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mercado de carbono
2010-07-21 | Tatianaf

Autores do Forest Carbon Offsetting 2010 afirmam que os projetos de compensação de emissões através das florestas superaram barreiras importantes e estão no caminho certo para conquistar uma maior fatia do mercado

Apesar do fraco resultado do encontro de Copenhague em dezembro passado, 80% dos respondentes da pesquisa Forest Carbon Offsetting 2010 estão otimistas em relação aos projetos florestais como uma opção para compensar emissões especialmente devido aos avanços ocorridos durante 2009 na preparação para a COP 15 e para a implantação de esquemas nacionais (Nova Zelândia, Estados Unidos e Austrália). A análise foi organizada pela Ecosecurities, The Climate, Community & Biodiversity Alliance, Conservation International, ClimateBiz e Norton Rose Group e dá seguimento a pesquisa publicada em 2009.

Os grandes interessados nos projetos florestais, 90% dos pesquisados, são compradores do mercado voluntário particularmente devido ao grande potencial de gerar benefícios adicionais às comunidades e biodiversidade. Por isso, reflorestamento com espécies nativas e desmatamento evitado foram cotados como os projetos mais “altamente desejáveis” por 52% dos questionados.

Os compradores demonstraram preferência pela localização dos projetos em países em desenvolvimento, especialmente a América Latina (74%), África (67%), América Central (67%) e Sudeste Asiático (65%).  A preferência por projetos domésticos vem de compradores que estão na América do Norte e Australásia, que se preparam para esquemas regulatórios nacionais.

Muitos participantes disseram que compraram compensações voluntariamente para tornar a sua empresa neutra em carbono, compensar produtos ou serviços específicos ou determinadas atividades (ex: vôos).

Dos questionados, 43% compraram compensações pela primeira vez em 2009, sendo que metade é europeu ou norte-americano e os outros 50% são provenientes da Australásia ou países em desenvolvimento.

Como grande parte dos créditos de compensação são adquiridos voluntariamente, os volumes são pequenos, com 56% dos respondentes comprando menos que 5 mil toneladas anualmente.

Os créditos florestais já foram adquiridos por 55% dos pesquisados, porém apenas um quinto dos compradores os utiliza como opção principal para a compensação das emissões. Eles estão majoritariamente na Australásia (82%), Europa (54%) e Estados Unidos (40%).

O interesse pelos créditos florestais vem principalmente de motivações voluntárias (64%), operação em áreas onde há elegibilidade das florestas nos mercados (39%), o potencial de um esquema global (26%) e filantropia (11%).

A certificação por um padrão reconhecido conta muito para os compradores (89%), que chegam a pagar mais por eles, sendo que o Voluntary Carbon Standard (VCS) é o mais atrativo para 73% dos respondentes, apesar do grande interesse voltado também para o CCB (64%) e MDL (53%). Entre os menos desejáveis está o padrão da Bolsa do Clima do Chicago.

No geral, os dados indicam que os compradores estão dispostos a pagar entre US$ 5-10 por tonelada de CO2e, dependendo da estruturação financeira e tipo de projeto que variam muito.

O relatório foi baseado em repostas de 207 participantes corporativos durante janeiro e fevereiro de 2010 responsáveis pela compra de no mínimo 7,9 milhões de créditos de carbono em 2009, incluindo cerca de 3 milhões de compensações florestais. Em comparação com os volumes de 2008, os questionados representam aproximadamente metade da demanda global por compensações de carbono voluntárias de projetos florestais.

Otimismo

“Os desafios das florestas não são insuperáveis. Isto é evidenciado por uma série de acordos de alto nível fechados durante os últimos anos e cada vez mais em 2009. Esperamos que a oferta de compensações florestais aumentará ao longo dos próximos anos. Esperamos um ano excitante e dinâmico para os mercados florestais de carbono e estamos otimistas (em relação) a grandes avanços regulatórios para este setor”, comentam os autores do relatório.

Os compradores parecem estar cada vez mais convencidos que as barreiras do setor estão sendo superadas, como a não permanência dos créditos florestais (temporários sob o MDL), vazamento e metodologias difíceis, completa o relatório.

“O principal gargalo está na arena política. O setor privado está pronto e esperando para ampliar os investimentos em projetos florestais, resta apenas esperar pelos sinais regulatórios certos”, afirma a pesquisa.

Histórico

O primeiro projeto florestal designado a compensar emissões corporativas através do desmatamento evitado foi desenvolvido em 1989 pela empresa norte-americana de energia AES na Guatemala.

Desde 2006 os mercados voluntários de compensação das emissões têm crescido significativamente, motivados principalmente pelo setor corporativo nos Estados Unidos e Europa. Como resultado, os mercados voluntários de carbono ao redor do mundo somaram 123,4 milhões de toneladas em 2008 e as compensações com base no uso da terra representaram 18% deste volume.

Nos mercados florestais, 2009 apresentou alguns desenvolvimentos importantes. Nove projetos aflorestamento/reflorestamento foram registrados sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), sendo que até o ano passado era apenas um.

No lado voluntário, o Climate Action Registry (CAR) publicou a versão 3 dos seus Protocolos Florestais, aumentando as atividades nos Estados Unidos e o VCS registrou o primeiro projeto de Agricultura, Florestas e Outros Usos da Terra, além de várias metodologias terem sido submetidas à sua análise. A Nova Zelândia também entrou para este mercado com a venda de créditos florestais domésticos.

Os textos sob negociação desde o Acordo de Copenhague (dezembro de 2009) para inclusão em um novo acordo climático global chegaram a uma série de conclusões, como a definição do escopo das atividades sob o mecanismo de REDD , salvaguardas para vazamento e participação dos diferentes interessados, pré-requisitos e fases para participação dos países.

Porém o fracasso na evolução das negociações em outras áreas em Copenhague fez com que o texto para o mecanismo de REDD não fosse aprovado formalmente pelas partes. Isto tende a ser resolvido uma vez que um acordo global legalmente compulsório seja fechado.

(Por Fernanda B. Muller, CarbonoBrasil, 20/07/2010)


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