A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal em São Paulo instaurou inquérito civil público para apurar os eventuais efeitos nocivos à vida e à saúde das pessoas gerados pela substância Bisfenol A (BPA). Também quer saber como está a forma de regulamentação de seu uso pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A EcoAgência de Notícias Ambientais e o Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ/RS) têm debatido nos últimos anos sobre os males que o Bisfenol A causa nos seres humanos. Na edição da Terça Ecológica, do dia 8 de junho deste ano, o NEJ/RS convidou para o debate o engenheiro agrônomo Luís Jacques Saldanha que realizou a palestra "O Bisfenol A e a Extição dos Homens". Na ocasião, ele alertou sobre os riscos da femininização dos homens.
Segudo Jacques Saldanha, "vários estados americanos já proibiram o seu uso e a indústria está oferecendo os produtos em embalagens de vidro. A proibição se deve a conclusão de que o uso do bisfenol A, e não apenas desta substância, está relacionado a redução da quantidade e qualidade do sêmen humano durante os últimos 50 anos, no aumento da incidência de câncer testicular e criptorquidismo, que é o deslocamento incompleto de um ou ambos os testículos da cavidade abdominal para a bolsa escrotal, e a incidência de câncer de mama em homens, o que seria improvável ou ocorreria em casos excepcionais, e em mulheres jovens".
Aspectos nocivos
Na portaria em que foi publicada a instauração do inquérito pelo MPF de São Paulo, o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Jefferson Aparecido Dias, determinou que seja solicitado à Anvisa informações sobre a regulamentação da utilização da referida substância, além de eventuais estudos existentes sobre seus aspectos nocivos.
A preocupação sobre os riscos que o BPA pode causar à saúde e à vida se sustenta em recentes pesquisas divulgadas por uma universidade norte-americana. A substância já foi proibida em outros países, como Canadá, Dinamarca e Costa Rica, e em alguns estados norte-americanos.
Para muitos cientistas, a substância seria causadora de algumas doenças, como o câncer de mama, os distúrbios cardíacos, a obesidade e a hiperatividade. Mas a atenção é especial com as grávidas e as crianças pequenas. A substância pode prejudicar as funções endócrinas e alterar o funcionamento do hormônio feminino estrogênio.
No Brasil, o Bisfenol A é utilizado na produção de garrafas plásticas, mamadeiras, copos para bebês, entre outros produtos, a maioria de plástico.
(EcoAgência, 19/07/2010)