O governo dos Estados Unidos solicitou com urgência à petroleira britânica BP um plano alternativo para seu poço danificado no golfo do México, apontando "anomalias" que poderiam indicar a continuação de um vazamento no leito marítimo próximo a estrutura.
O funcionário do governo americano encarregado da limpeza do vazamento, o almirante Thad Allen, enviou uma carta à empresa expressando temores de que a colocação da tampa que conteve o derrame há quatro dias esteja causando uma infiltração no leito marítimo próximo do poço.
Cientistas creem que a tampa colocada no poço possa estar desviando o fluxo do óleo para as rochas ao redor do poço danificado, o que poderia gerar outros vazamentos no longo prazo.
Engenheiros que vigiam o poço detectaram gás metano no leito marítimo perto da estrutura selada, o que poderia indicar que o vazamento de petróleo ainda persiste.
A suspeita é reforçada pelo fato de que a pressão dentro do poço danificado estaria mais baixa do que o esperado. A grande questão para os envolvidos na operação é se a tampa consegue suportar a pressão sem danificar ainda mais o poço.
Na carta à BP, Allen disse que o monitoramento do leito marítimo na área é "de suprema importância" e solicitou à empresa um plano de reabertura do poço caso se confirme o vazamento.
"Ordeno que me submetam um procedimento por escrito para a abertura da válvula de contenção o mais rápido possível sem danificar o poço, caso se confirme a infiltração de hidrocarbonetos", indicou.
A petroleira ainda não se pronunciou sobre a carta de Thad Allen, mas manifestou que seriam necessários três dias para começar o processo de reabertura da válvula de contenção, enquanto são realizados testes em sistemas para canalizar o óleo para a superfície.
Enquanto os testes não são concluídos, também estão suspensos os trabalhos em poços alternativos que permitiram fechar o poço danificado permanentemente.
PROCEDIMENTOS
Na quinta-feira (15), a BP anunciou que o vazamento foi contido pela primeira vez nos três meses desde que a plataforma Deepwater Horizon explodiu, no dia 20 de abril, deixando 11 mortos e dando início ao pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.
No sábado (17), o governo americano reiterou sua preferência por que, após os testes, a BP reabra a válvula e retome a canalização do petróleo para a superfície do mar, onde seria coletado por cargueiros até a conclusão dos novos poços. Os navios teriam capacidade de coletar 80 mil barris de petróleo por dia.
O executivo da BP encarregado de operações, Doug Suttles, afirmou que a petroleira pretende manter o dispositivo vedando o vazamento.
"Ninguém envolvido nesta grande atividade (de contenção do vazamento) quer ver mais petróleo fluindo no Golfo do México", disse.
Desde a explosão da plataforma Deepwater Horizon, no dia 20 de abril, a BP tentou várias estratégias para conter o vazamento de petróleo, localizado a uma profundidade de cerca de 1,5 mil metros.
Estimativas da BP apontam que os custos do desastre superarão US$ 3,5 bilhões.
A empresa já pagou mais de US$ 200 milhões em 32 mil pedidos de indenização. Outros 17 mil outros pedidos estão sendo avaliados. A companhia está ainda recolhendo informações sobre 61 mil pedidos adicionais.
(Folha Online, 19/07/2010)