Ministério da Saúde também registrou redução no número de fumantes em todo país nos últimos quatro anos
As mulheres da capital gaúcha estão no topo de uma lista da qual não devem se orgulhar. De acordo com a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada pelo Ministério da Saúde todos os anos, elas estão fumando mais em comparação às demais capitais brasileiras.
Gustavo Chatkin, pneumologista e coordenador do Ambulatório de Auxílio ao Abandono do Tabagismo do Hospital São Lucas da PUCRS, afirma que há uma tendência de aumento do número de mulheres fumantes em comparação com os homens. Chatkin atribui o resultado a uma questão sociocultural:
— Nos últimos anos, a mulher conquistou muitas coisas boas, mas também acabou adquirindo hábitos ruins que antes eram mais encontrados nos homens.
Em gráfico, veja os males que o cigarro pode causar à sua doença:
Os danos causados pelo cigarro em homens e mulheres têm as mesmas proporções no organismo. Mas, de acordo com o pneumologista Roberto Guidotti Tonietto, o corpo feminino está sujeito a problemas específicos, como menopausa precoce, câncer de colo uterino, complicações na gestação e danos à saúde do bebê.
As substâncias do tabaco também aceleram o processo de envelhecimento geral do organismo, inclusive da pele, com aparecimento das tão odiadas rugas. O escurecimento das unhas, dos dentes e das gengivas também são características de fumantes.
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— Temos notado um aumento significativo do número de mulheres com câncer de pulmão, que era mais frequente nos homens — lembra o médico.
Número de fumantes no país diminuiu
O estudo, que entrevistou 54 mil adultos nas 26 capitais e no Distrito Federal, também tem dados a comemorar. De 2006 a 2009, o total de fumantes, incluindo ambos sexos, caiu de 16,2% para de 15,5%. No conjunto total da população adulta pesquisada, a frequência de fumantes foi maior no sexo masculino (19%) em comparação ao sexo feminino (12,5%).
O pneumologista apontou diferentes fatores para a redução de usuários do cigarro, como maior consciência sobre os malefícios e doenças, maior investimento em campanhas e a melhoria da qualidade dos tratamentos e medicamentos que combatem o vício.
— A pessoa precisa ter vontade de parar em primeiro lugar. A maioria gostaria de parar mas apenas de 5% a 10% conseguem parar sozinhos. O restante precisa de auxílio médico — conta o especialista, lembrando que o tabagismo deve ser tratado como uma doença.
Você sabia?
- Que a fumaça do cigarro reúne, aproximadamente, 4,7 mil substâncias tóxicas diferentes e muitas delas são cancerígenas?
- Que o tabagismo está ligado a 50 tipos de doenças como câncer de pulmão, de boca e de faringe, além de problemas cardíacos?
- Que, no Brasil, 23 pessoas morrem por hora em virtude de doenças ligadas ao tabagismo?
- Que crianças com sete anos nascidas de mães que fumaram 10 ou mais cigarros por dia durante a gestação apresentam atraso no aprendizado quando comparadas a outras crianças?
(Por Sabrina Silveira, Zero Hora, 19/07/2010)