Parar de fumar pode ser o desejo de muitas pessoas que possuem o vício. Porém, largar o cigarro de uma vez por todas é uma decisão pessoal difícil e que precisa de muita força de vontade.
Quando decidiu que queria mesmo deixar de fumar, há seis anos, Stela Maria Zampieri precisou de ajuda profissional. Ela já havia tentado outras vezes, mas qualquer problema pessoal era desculpa para pegar o cigarro na mão novamente. Hoje com 50, Stela avalia sua "vida nova" como uma das melhores fases pela qual já passou.
— Eu me perguntei: "Será que eu realmente quero? Eu só falo, mas será que eu quero?" Foi uma decisão difícil - relatou ela — Hoje, tudo ficou melhor. Muda o modo de ver a vida.
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Casada e mãe de uma filha, a professora de educação física e informática, conta que a pressão da família sempre existiu. Por isso, das outras vezes que tentou parar, acredita que não era por vontade própria. Marli Kmorst, pneumologista e coordenadora da Comissão de Controle do Tabagismo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, afirma que o paciente é quem tem que tomar consciência do problema.
— A motivação é um fator decisivo, enquanto ele não estiver decidido, ele não vai parar de fumar. Podemos dar o apoio, mas quem vai parar de fumar é ele — explica a especialista, que trabalha com a terapia cognitivo comportamental em grupos de fumantes do hospital.
Moradora de Caxias do Sul, a professora contou com a ajuda de um projeto contra o tabagismo na Universidade de Caxias do Sul (UCS). Fumante desde os 14 anos, ela afirma que as reuniões com pessoas que buscavam o mesmo objetivo ajudou a suportar a falta do cigarro. No grupo, ouvia depoimentos, aprendia e fazia atividades físicas regularmente, algo que havia deixado de lado apesar da profissão.
— Todo mundo que fuma quer parar, mas não sabe como começar, então é difícil. Já tinha tentando parar outras vezes e tive recaídas. Eu gostava muito de fumar, achava muito bom. Mas hoje, eu vejo que parar é melhor ainda. É bom ver o reconhecimento das pessoas de que eu consegui — se orgulha Stela.
A pneumologista explica que além da motivação, o paciente precisa entender o que ocorre com o seu corpo e, principalmente, identificar o que a faz querer voltar a fumar. Evitar pessoas que fumam nessa fase também é importante.
O tratamento em conjunto com outros fumantes pode ser decisivo. Marli sugere que as pessoas busquem amigos ou grupos de apoio para que um ajude o outro a se manter motivado. A família também precisa ajudar no processo.
— Às vezes a convivência com amigos ou familiares que fumam pode dificultar. É mais difícil se a pessoa é casada e o marido não para de fumar. Se ela tem o cigarro do lado dela, na primeira fissura ela pode cair na tentação. Se não tiver, a fissura passa e ela aguenta.
Livre do vício, Stela está mais satisfeita com o corpo, com os relacionamentos e com a qualidade de vida que ganhou:
— Depois do projeto eu continuei praticando atividade física, e continuo até hoje. Minha autoestima aumentou, meu corpo melhorou, a minha pele melhorou muito, minha alimentação mudou. Está bem mais saudável. Eu até sinto melhor o gosto da comida! Sinto que as pessoas gostam mais de mim, tenho mais disposição para tudo. A relação com a minha família também melhorou. Hoje nem lembro mais que fumava. Isso não faz mais parte de mim.
(Por Sabrina Silveira, Zero Hora, 19/07/2010)