O Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), localizado em Campinas, vai apresentar ao setor da cana-de-açúcar, no próximo ano, uma planta piloto para desenvolver tecnologias e resolver gargalos da produção do etanol celulósico. De acordo com informações da assessoria de imprensa, a Planta Piloto para Desenvolvimento de Processos (PPDP) custou aproximadamente R$ 24 milhões e recebeu verba do Ministério da Ciência e Tecnologia, do governo federal. Outro projeto de pesquisa, o da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), já em fase de construção, deve ficar pronto também a em 2011.
Segundo Sindélia Freitas Azzoni, pesquisadora do projeto, o cálculo para o custo de produção do etanol celulósico varia conforme os critérios de medição adotados. Sindélia explicou que ao adotar como foco principal da conta o custo da enzima, o litro de etanol custa cerca de US$ 2 o litro (o equivalente a R$ 3,52 por litro, com o dólar a R$ 1,76) e, para torná-lo competitivo, seria necessário baixar o valor umas cinco vezes. Apesar disso, de acordo com a pesquisadora, não há um consenso sobre esse valor, já que pode ser alterado em função dos critérios tomados para a sua mensuração. Hoje, a média para se produzir álcool de primeira geração é entre R$ 0,70 e 0,75 litros por etanol - dados da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).
Inicialmente, o objetivo da planta é testar, em escala piloto, pesquisas (de bancada) referentes a processos de conversão de biomassa em biocombustíveis e de produção de hidrolases. A assessoria informou que, após o desenvolvimento de tecnologias e resolução de gargalos, a meta é passar a viabilizar a produção de etanol de segunda geração em escala industrial no País.
A produção de etanol de segunda geração é realizada a partir do aproveitamento do bagaço da cana-de-açúcar excedente e parte das palhas e das pontas da planta. No entanto, segundo Miguel Biegai, analista da Safras&Mercado, esse processo custa caro. "O custo com a produção do [etanol] celulósico é elevado. A quebra de moléculas para a transformação é cara, fato que torna o etanol convencional mais em conta", afirmou o especialista.
José Manuel Cabral, chefe de Comunicação e Negócios da Embrapa Agroenergia, acredita que, ao reaproveitar os resíduos da cana-de-açúcar, a produção de etanol deva aumentar entre 30% e 40% em cima da atual. "Houve avanço nos últimos anos em relação a quebra das enzimas, embora o custo da produção seja alto", disse Cabral.
De acordo com a Embrapa, para cada unidade de energia fóssil empregada, derivada do petróleo, o etanol armazena 9,3 unidades. No balanço energético do etanol celulósico, encontra-se 9,99 unidades de energia por unidade de combustível fóssil utilizado. "O etanol celulósico diminui as emissões de gases de efeito estufa (GEE) de 60% a 80%", disse.
Cabral falou que não há nenhuma meta estabelecida pelo País e disse que a atual fase é de pesquisa e desenvolvimento e que ainda precisa melhorar o processamento das enzimas. "Os Estados Unidos e o Canadá já têm unidades pilotos prontas, mas com custos também elevados. O Brasil não tem instalações prontas e sim grupos de pesquisas". E completou: "É uma corrida mundial. Há vários lugares no mundo que produzem etanol a partir de outros materiais".
Acordo
A Dedini Indústrias de Base e a Novozymes A/S assinaram um memorando de entendimento para dar continuidade à pesquisa e desenvolvimento de uma rota tecnológica para a produção de etanol celulósico no Brasil. Os parceiros se reuniram em Piracicaba (SP) e esperam se beneficiar do potencial comercial do etanol celulósico no País diante da grande disponibilidade de bagaço de cana. O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, com uma moagem superior a 600 milhões de toneladas ao ano. A Dedini produz máquinas e equipamentos para o setor sucroalcooleiro e a Novozymes desenvolve enzimas para processos químicos. A Petrobras Biocombustível deverá instalar uma unidade semi-industrial até 2014. O objetivo é realizar testes e definição do processo de etanol celulósico.
O Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), localizado em Campinas, vai apresentar ao setor da cana-de-açúcar, no próximo ano, uma planta piloto para desenvolver tecnologias e resolver gargalos da produção do etanol celulósico. O investimento na planta foi de R$ 24 milhões, vindos do Ministério da Ciência e Tecnologia, do governo federal. Outro projeto de pesquisa, o da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), já em fase de construção, deve ficar pronto também em 2011. O objetivo da planta é testar pesquisas referentes a processos de conversão de biomassa em biocombustíveis e de produção de hidrolases. Depois do desenvolvimento de tecnologias e da resolução de gargalos, a meta é viabilizar a produção de etanol de segunda geração em escala industrial.
(Por Diego Costa, DCI, 19/07/2010)