Após divulgar blitz, órgão diz que Guilherme Leal tinha licença para obras
Segundo o presidente do instituto, o candidato não cometeu "nenhum crime ambiental" com construção em fazenda
O presidente do Ibama, Abelardo Bayma, afirmou ontem em nota que o empresário Guilherme Leal, candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva (PV), "não cometeu nenhum crime ambiental" em sua fazenda no litoral da Bahia.
Ele apresentou o veredicto nove dias após emitir outra nota informando que fiscais do órgão haviam constatado, em vistoria na propriedade, a presença de "edificações e outras instalações que alteraram a paisagem natural em área de Mata Atlântica".
"Após análise da documentação, o Ibama concluiu que o empreendimento está em conformidade com as autorizações concedidas pelas esferas estaduais e municipais", afirmou Bayma, no comunicado divulgado ontem.
Há uma semana, ele informou que Leal havia sido notificado a apresentar licenças ambientais para a construção de uma casa e cinco bangalôs na fazenda, que fica em área de proteção ambiental em Uruçuca (BA), município vizinho de Itacaré.
Os fiscais federais estiveram duas vezes na propriedade. De acordo com o Ibama, a blitz foi motivada por denúncia protocolada na ouvidoria nacional do órgão.
Na ocasião, Leal defendeu a legalidade das obras e disse ser alvo de "falsas denúncias" motivadas por "objetivos político-eleitorais".
Ex-ministra do Meio Ambiente, Marina também saiu em defesa do companheiro de chapa, cuja empresa tem a imagem ligada à ecologia.
Ontem, o candidato se declarou aliviado com a conclusão do Ibama. "Sempre estive sereno e confiante de que o Ibama cumpriria seu papel com isenção", disse ele, segundo assessores.
A ação do Ibama já começava a ser explorada politicamente por adversários de Marina. Na quarta-feira, o deputado Aldo Rebelo (PC do B - SP), aliado da presidenciável Dilma Rousseff (PT), disse que "ninguém na República" escapava de acusações por desmatamento ilegal.
A senadora se irritou com a provocação e acusou Rebelo de praticar "estelionato ambiental" na votação do Código Florestal na Câmara.
(Por Bernardo Mello Franco, Folha de São Paulo, 17/07/2010)