Após uma série de reportagens sobre o descarte inadequado de lâmpadas fluorescentes, o Jornal MINUANO passa a testemunhar uma mudança do cenário local que, antes, poderia ser considerado desolador.
Se, há três meses, empresas que comercializam os itens não recebiam ou não sabiam como armazenar o lixo proveniente de seus clientes, hoje, firmam um compromisso com a sociedade, garantido, sobretudo, por uma normativa municipal.
O empresário Leonardo Hahn conta que conviveu com um montante de lixo tóxico, acumulado em período correspondente a cinco anos, ciente dos riscos ao qual estava exposto. “Tínhamos noção, mas preferíamos guardar, manter longe das ruas”, lembra. A boa vontade, porém, não era recompensada, uma vez que estocar os resíduos e, posteriormente, encontrar um destino certo para eles se tornava inviável. “Cobravam para isso”, ponderou. Hoje, porém, com a implantação de um sistema de coleta gratuito, garantido por uma ação pública municipal, isso deixou de ser um estorvo.
O material recolhido permanece em uma caixa de papelão, longe do sol e da umidade, a fim de evitar a liberação do mercúrio, utilizado para a confecção das lâmpadas, que com o passar do tempo, sob essas condições, transforma-se em um vapor tóxico. O contato com esse elemento é degenerativo e pode causar uma série de doenças. A cada nova coleta, realizada por uma empresa terceirizada pela prefeitura, cerca de 20 unidades são recolhidas. “Nem dá tempo de acumular, se comparar com tempos atrás”, diz. Ele acrescentou que a população também está mais consciente: “a procura aumentou, o estoque dobrou”.
Segundo informou o secretário do Meio Ambiente, Alexandre Melo, Bagé conta com nove estabelecimentos comerciais que atuam sob licença ambiental para receber e estocar resíduos perigosos. Apenas uma empresa realiza o serviço de coleta sem custos para a população. Ele lembra que as lojas são obrigadas, por lei, a aceitar os descartes dos clientes. “Não há por que largar na rua: informação não falta sobre isso”, enfatizou. Além disso, segundo enalteceu, há boa vontade por parte das empresas. “É preciso entender que o caminhão de lixo está proibido de levar lâmpadas das ruas”, afirmou.
Bons exemplos
Em uma farmácia de manipulação local, um compartimento chama a atenção por alertar para os riscos do descarte irresponsável. O coletor é destinado a armazenar itens perfurocortantes, embalagens plásticas, medicamentos vencidos, pilhas e baterias. Segundo informou a atendente Ediene de Castro Pereira há mais de dois anos um trabalho de conscientização é realizado junto aos clientes. Medicamentos vencidos são os que mais chegam ao local.
(Jornal Minuano, 16/07/2010)