Os plantadores de arroz da várzea do Rio Pardinho, na região de Dona Carlota e Linha São João da Serra, no interior de Santa Cruz do Sul, estão bastante preocupados com os alagamentos que estão ocorrendo em suas propriedades. O problema, segundo eles, é motivado pela RSC–471, que estaria represando a água das chuvas.
Na última segunda-feira, uma comissão de moradores esteve na Câmara de Vereadores para relatar a situação e pedir apoio dos legisladores. As duas localidades são responsáveis pela produção de 250 mil sacas de arroz por ano, criação de cinco mil cabeças de gado, ovelhas e cavalos de raça. Com a construção da nova rodovia, que vem de Vera Cruz e que passa na frente do Autódromo Internacional de Santa Cruz do Sul, criou-se na várzea uma taipa de mais ou menos cinco quilômetros, que seria responsável pelo represamento de água.
Morador da localidade há quase meio século, Pedro Kern disse que boa parte de suas terras estão se tornando inaproveitáveis, pois estão sempre encharcadas. “Não se consegue mais entrar na área para preparar a lavoura”, explicou. Seu vizinho Afonso Forster comentou que, na última safra, deixou de colher cerca de 10 mil sacas de arroz, pois não conseguiu preparar o solo. O gado, segundo ele, também está sofrendo com as condições do solo.
Conforme o plantador e criador de gado Astor Rauber, a região está pedindo socorro. Se nada for feito, disse que terras férteis da várzea vão se tornas improdutivas. “O prejuízo não será apenas nosso, mas de todo o município.” O temor dos proprietários é que a área vire um pântano, impedindo a sua utilização. Em alguns pontos, só os tratores conseguem passar.
OBRAS
No entendimento dos moradores, é preciso que o Daer construa uma ou duas pontes secas no trecho, para que, nas enchentes, a água tenha escoamento. Além disso, pedem a limpeza do leito do Rio Pardinho, que teria ficado assoreado com a construção da ponte sobre a nova estrada.
Entre as medidas emergenciais, solicitam a limpeza dos arroios do Almoço e das Pedras, que também cortam a várzea. Em função das obras, estariam cheios de pedras e terra, além de lixo. Em vista disso, com qualquer chuva, a água se espalha pelas margens e não corre em direção ao rio, como seria o normal.
(Gazeta do Sul, 16/07/2010)