Esquema provisório deteve fluxo do óleo no primeiro teste; empresa ainda escava poço para solução definitiva
Companhia e governo ainda veem sucesso com cautela; engenheiros monitoram eficácia da vedação continuamente
A plataforma petroleira da BP que vinha sofrendo um vazamento no golfo do México desde 20 de abril parou de jorrar óleo pela primeira vez ontem, no primeiro teste da implantação de uma tampa no poço danificado.
"Estou entusiasmado por não haver óleo [vazando] no golfo do México, mas nós apenas começamos o teste, e não quero criar uma falsa sensação de empolgação", afirmou ontem o vice-presidente da BP, Kent Wells.
Segundo a empresa, o poço parou de expelir óleo do leito marinho às 16h25 de ontem (horário de Brasília). Engenheiros e cientistas vão examinar o resultado dos trabalhos a cada seis horas para avaliar a pressão sobre o sistema de vedação usado.
Se a pressão não subir -algo que seria natural-, provavelmente significa que o sistema de vedação não está bem lacrado, e mais óleo começará a vazar.
O sucesso relatado pela BP foi registrado em vídeo. A câmera submarina que filmava a turbulência do vazamento agora mostra águas calmas, ainda que repletas de óleo.
"A coisa que inspira mais cuidados é que, dependendo do que o teste nos disser, é possível que tenhamos de abrir o poço novamente para retomar as opções de contenção [manejo de óleo já vazado]", afirmou Wells.
O governo dos EUA também ainda vê o sucesso da vedação com cautela.
"Acho que é um sinal positivo", afirmou o presidente dos EUA, Barack Obama. "Ainda estamos em fase de teste e teremos mais a dizer sobre isso amanhã [hoje]."
POÇOS DE ALÍVIO
Antes do anúncio do sucesso da operação, Thad Allen, o encarregado de comandar a reação ao acidente, afirmou que o fechamento do poço seria apenas uma medida temporária. Segundo ele, a empresa ainda precisa terminar de cavar os chamados poços de alívio, que permitirão estancar o vazamento com segurança.
O teste do esquema de vedação aplicado ontem começou com atraso. A BP levou dois dias para consertar um vazamento no equipamento necessário à operação, problema que engenheiros só detectaram na quarta-feira.
A ideia, em princípio, não é manter o poço totalmente selado agora. O óleo que vaza a 5.428 metros de profundidade, porém, pode ser captado de modo controlado e armazenado em navio-tanque.
Se tudo der certo, o teste continuará por mais dois dias com o poço totalmente vedado, afirmou a BP. Até o fechamento desta edição, a empresa não tinha comunicado nenhuma interrupção.
Engenheiros estimam que o vazamento expelia de 5,5 milhões a 9,5 milhões de litros de petróleo no mar por dia. Desde o início do vazamento, algo entre 355 milhões e 700 milhões de litros de óleo foram liberados.
(Folha de São Paulo, 16/07/2010)