Para os defensores do tabaco, além de tirar a fonte de renda de uma grande quantidade de famílias, a aplicação dos artigos 9 e 10 iria incentivar o contrabando de cigarros. Presente em Buenos Aires, o presidente da Câmara Setorial do Tabaco, Romeu Schneider, comentou que o fumante brasileiro está acostumado com o cigarro do tipo american blend, feito com a combinação de diferentes fumos. Schneider acredita que, com o fim da fabricação do produto em território nacional, boa parte dos consumidores vai apelar aos cigarros contrabandeados. “O Paraguai vai fazer festa se o Brasil ratificar essa proibição”, disse.
Conforme Romeu Schneider, estima-se que o mercado ilegal responda por um terço do consumo de cigarros no País, representando R$ 2 bilhões que deixam de ser arrecadados em impostos por ano. Ele avalia que, com a proibição do blend, o contrabando vai dobrar, superando o mercado formal em vendas. Com base nisso, se aposta que, ao invés de diminuírem, os riscos à saúde do fumante aumentariam, como lembrou o deputado federal Sérgio Moraes, também integrante do fórum realizado ontem. “O cigarro produzido no Brasil está dentro das normas internacionais de saúde, ao contrário daquele que vem de fora. Aceitando as restrições, o Brasil ficará com mais desempregados e mais doentes.”
(Gazeta do Sul, 15/07/2010)