Numa busca a campos no Cazaquistão, a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) verificou que os empregados das explorações agrícolas de tabaco confiscam os passaportes aos seus trabalhadores imigrantes, obrigando-os a trabalhar por um excessivo período de tempo, não pagam os salários de forma regular e usam também trabalho infantil.
O relatório hoje divulgado baseia-se na recolha de entrevistas a 68 trabalhadores, realizadas em 2009. Jane Buchaman, autora do documento, revelou no site da HRW que foram encontradas “seis famílias em situação de trabalho forçado”.
Uma das entrevistadas, Almira A., contou a sua história a Jane Buchaman: “Nós éramos como escravos para ele. Ele tratou-nos muito mal”. Na entrevista, Almira relatou ainda que foram várias as vezes em que pensou fugir, mas que não havia forma, pois os passaportes eram confiscados: “Os nossos passaportes foram com o proprietário e não tínhamos dinheiro. Se sairmos, então todo o nosso trabalho seria em vão”, disse.
Após as suas conclusões, o grupo comunicou o relatório à empresa, que disse que já reforçara as obrigações contratuais para os agricultores, com o propósito de proibir certos comportamentos, e que irá estabelecer padrões de tratamento para com os trabalhadores.
No comunicado emitido pela Philip Morris pode ler-se que “ninguém deve trabalhar em condições perigosas ou ilegais e por isso estamos empenhados em evitar o trabalho infantil, o trabalho forçado e outros abusos que se verifiquem na cadeia de abastecimento do tabaco”.
A multinacional produtora de várias marcas de tabaco, como a Marlboro, disse ainda que conta com o apoio da HRW e de outras associações para em conjunto tentarem impedir tais situações.
A tabaqueira anunciou ainda que “mantém uma oposição firme quanto à exploração infantil e a todo e qualquer tipo de abusos” e afirmou estar “grata” ao grupo de defesa dos direitos humanos por a informar da situação existente no Cazaquistão.
(Publico.PT, 15/07/2010)