A empresa que vai construir e operar a usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), terá 18 sócios, informou ontem a Eletrobrás, logo após entregar à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a documentação da Sociedade de Propósito Específico (SPE) que vai tocar o projeto.
A construtora OAS, que se junta agora aos vencedores do leilão realizado em abril, terá 2,51% da sociedade. Outro novo sócio, a siderúrgica paraense Sinobras, de Marabá, entrará com 1%.
Entre os sócios, apenas a Sinobras e a Gaia Energia e Participações, pertencente ao Grupo Bertin, estão enquadrados como autoprodutoras - grandes empresas que investem em energia para consumo próprio. A Gaia, que integrou o consórcio Norte Energia, vencedor do leilão, teve sua participação reduzida dos originais 10,02% para 9%. O governo não conseguiu atrair grandes empresas consumidoras como Braskem, CSN e Gerdau.
Mas o diretor de Engenharia da Eletrobrás, Valter Cardeal, um dos principais negociadores da formação da SPE, não acha que houve fracasso na atração de autoprodutores. "Há empresas que podem entrar depois."
O Fundo de Pensão Petros, dos funcionários da Petrobrás, terá participação direta de 10% no projeto de Belo Monte e a Funcef, da Caixa Econômica, outros 2,5% diretos. Já o fundo de pensão Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, está entre os sócios da SPE por meio de uma parceria com o grupo espanhol Iberdrola. Segundo Cardeal, as duas são sócias da Bolzano Participações, que passou a deter 10% da SPE. Cardeal não detalhou qual a participação de cada um dos investidores na Bolzano.
Outro investidor apresentado ontem, o Caixa FI Cevix, que terá participação de 5% na SPE, é uma sociedade formada entre a Funcef e a empresa Engevix.
Entre as estatais, foram confirmados os porcentuais de 15% para a Eletrobrás; 15% para a Chesf; e 19,98% para Eletronorte.
Belo Monte terá, quando concluída, capacidade para gerar 11,2 mil megawatts. O governo estima que sua construção demandará investimento de R$ 19 bilhões. Mas há quem calcule que a obra pode custar até R$ 30 bilhões.
(Por Leonardo Goy, O Estado de S.Paulo, 15/07/2010)