Produtores de tabaco de países da América Latina decidiram, ontem, adotar um discurso único contra as orientações propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio da Convenção Quadro para o Controle de Tabaco. Reunido em Buenos Aires, na Argentina, o setor produtivo de seis países – entre os quais o Brasil – defende a manutenção do cultivo da variedade burley que, somente na região Sul do país, é responsável pelo sustento de 50 mil famílias.
Entre as alterações previstas pela OMS, que ainda necessitam ser ratificadas por todos os países signatários da convenção, está a proibição do burley. O processo de secagem da variedade é feita com adição de açúcar e de flavorizantes, que acrescentam à folha sabores como baunilha e cacau, entre outros. E é justamente este o ponto controverso. A alegação do órgão é de que o açúcar e os flavorizantes fazem mal à saúde.
No encontro, o setor produtivo colocou em dúvida essa justificativa da OMS.
– Não existe uma pesquisa científica que comprove que a adição dos flavorizantes faz mais mal à saúde – garante o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco do Ministério da Agricultura, Romeu Schneider.
No Brasil, os cigarros são produzidos a partir da junção de três variedades de fumo: o burley, o virgínia e o oriental. A intenção da convenção da OMS é adotar apenas o virgínia pois a folha é pura.
Para o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil, Benício Albano Werner, a reunião dará força no convencimento de que as alterações somente trarão prejuízos ao setor produtivo, provocando um problema social grave nas famílias afetadas.
Por enquanto, os países montaram comissões para discutir o assunto. Para que a alteração passe a valer, precisará de uma decisão favorável dos países no encontro marcado para novembro, no Uruguai.
(Por Hermes Lorenzon, Zero Hora, 15/07/2010)