Quer largar o cigarro, mas adesivos e balas de nicotina não estão funcionando? Uma nova pesquisa parece ter descoberto por que. O estudo verificou que a intensidade do desejo por cigarro tem mais a ver com o elemento psicológico do fumo do que com os efeitos fisiológicos da nicotina como uma substância química viciante.
A pesquisa envolveu aeromoças fumantes que atendiam dois tipos de vôos: um mais curto, de três a cinco horas, e um mais longo, de dez a treze horas.
Os pesquisadores descobriram que a duração do vôo não teve impacto significativo sobre os níveis de desejo das aeromoças, que foram semelhantes em ambos os casos. Além disso, os níveis de desejo no final de cada vôo curto eram muito mais elevados que no final do vôo longo, o que demonstra que o desejo aumenta na expectativa do desembarque.
Outro estudo realizado com judeus chegou a mesma conclusão: que o desejo é mais fruto do psicológico do que de um vício.
Os judeus não são permitidos a fumar no sábado (Sabbath). O desejo que eles sentiam de fumar no sábado de manhã, quando sabiam que não poderiam fumar novamente por pelo menos 10 horas, era muito baixo. O nível do desejo aumentava a noite, na expectativa do primeiro cigarro do dia seguinte.
Tanto nos dias da semana em que eles fumaram, quanto nos dias da semana em que ficaram sem fumar a pedido da pesquisa, os judeus apresentaram o mesmo desejo pelo cigarro.
Isso leva a crer que, embora a nicotina tenha um papel fisiológico, ela não é uma substância viciante como a heroína, que gera verdadeiros sintomas de retirada sistêmica e de base biológica no corpo do usuário.
Os cientistas acreditam que as pessoas que fumam o fazem pelos benefícios a curto prazo, como prazer sensorial e camaradagem social. Uma vez que o hábito está estabelecido, as pessoas continuam a fumar em resposta a estímulos e situações que se tornaram associados com o tabagismo.
Entender que fumar é um hábito, não um vício, pode facilitar o tratamento. Os pesquisadores esperam que as autoridades da saúde enfatizem os aspectos psicológicos e comportamentais e não os aspectos biológicos do tabagismo para criar campanhas e métodos anti-fumo mais bem sucedidos.
(Por Natasha Romanzoti, Hype Science, 15/07/2010)