Devido aos constantes alagamentos, a Prefeitura de Porto Alegre avalia a possibilidade de retirar as famílias que residem às margens do arroio do Salso, no extremo Sul. A ação está sendo estudada em conjunto pelos departamentos municipais de Habitação (Demhab) e de Esgotos Pluviais (DEP). A remoção permitirá a realização da dragagem integral do arroio, além de serviços de limpeza.
Uma das possibilidades é remover as 100 famílias que residem às margens do arroio, na área chamada de loteamento Túnel Verde II. Sem nenhuma infraestrutura no local, em dias de chuva o arroio transborda e deixa as casas totalmente inundadas. O transtorno, para muitos moradores, já é considerado normal. Morador há seis anos do bairro, André Lima conta que, no último temporal, há duas semanas, precisou sair de casa junto com a esposa e os dois filhos devido à quantidade de água que entrou em sua casa. "Precisei buscar ajuda com familiares para ter onde ficar nos dias de cheia", contou ele.
A dona de casa Daiane Prates lembrou que no final do mês passado, quando o arroio transbordou, a família passou a madrugada apreensiva em casa. Ela contou que por volta das 3h da madrugada a água já estava na porta da casa e duas horas depois não havia mais condições de ficar dentro dos cômodos. "Precisei sair com os três filhos porque a água havia invadido tudo", ressaltou ela. Nesse dia, as ruas ficaram intransitáveis e as casas destruídas. "Na última chuva, o portão foi parar no meio da praça devido à força das águas", lembrou.
Segundo o diretor do DEP, Ernesto da Cruz Teixeira, para amenizar os problemas com o transbordamento do arroio do Salso é indispensável a retirada dessas famílias. "Como elas estão às margens do arroio, as máquinas que fazem o desassoreamento não têm condições de chegar até a beira para começar a realizar o serviço. Acaba sendo um dos principais entraves", afirmou ele.
O diretor explicou ainda que, para reduzir os alagamentos, é necessário realizar a limpeza no local, aumentando a profundidade e a largura do arroio. Em relação à remoção das famílias, uma das alternativas é firmar um convênio, por meio da concessão de pagamento do aluguel social. Assim, os moradores escolheriam um local para ficar e, em troca, deixariam a área.
Outra proposta seria a de incluir as famílias em um dos projetos de loteamento habitacional da Prefeitura de Porto Alegre. "Independente de qual for o projeto escolhido, é necessário encarar esse problema crítico e buscar uma solução urgente para acabar com esses problemas", ressaltou o diretor do DEP.
Teixeira destacou ainda que um dos problemas é o fato de as famílias estarem correndo risco permanecendo no local. "Como algumas moram nas margens, as casas podem se desmanchar e acabar dentro do arroio, o que aumenta ainda mais a insegurança de vida dessas pessoas", afirmou o diretor.
Em maio do ano passado, o DEP começou a executar a primeira dragagem em um dos trechos do arroio. O serviço foi realizado na extensão entre a avenida Serraria, no bairro Ponta Grossa, e o Guaíba.
(Correio do Povo, 15/07/2010)