Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf), para suprir a demanda do mercado interno por madeira, seja para carvão, lenha ou outros usos, seria necessário plantar 1 milhão de hectares de florestas por ano até 2020, ampliando a área de 6,3 milhões para 13 milhões de hectares de florestas plantadas.
"Para chegar a esse número é necessário desenvolver a silvicultura em áreas nas quais ela não existe", diz o pesquisador da Embrapa Florestas Antonio Francisco Jurado Bellote, que coordena o projeto Florestas Energéticas, em parceria com a Esalq e empresas do setor madeireiro.
"No Centro-Oeste, por exemplo, identificamos áreas de plantio em Mato Grosso do Sul e Goiás", diz. "No Nordeste, na Chapada do Araripe (divisa entre Pernambuco, Ceará e Piauí), onde há muita demanda por energia por parte do setor de gesso, e no Norte (Amapá e Roraima)."
Bellote explica que por enquanto as equipes estão levando para essas regiões variedades híbridas de eucaliptos, "pois é uma espécie de alta produtividade", diz. "Estamos trabalhando com uma variedade vinda da Austrália, resistente ao semiárido".
Paralelamente, árvores nativas vêm sendo trabalhadas. "No Centro-Oeste e Norte, temos feito algumas ações com o tachi branco (Sclerolobium paraense Huber). Mas, como é uma espécie praticamente selvagem, da qual há pouco conhecimento técnico, estamos fazendo um trabalho de homogeneização do material, para futuramente podermos ter escala comercial", explica.
Outra nativa que vem sendo pesquisada para exploração comercial da madeira no Nordeste, de acordo com o pesquisador, é o angico de bezerro (Piptadenia moniliformis). "Estamos trabalhando para levar a tecnologia para desenvolver a competência desses locais onde a silvicultura não é tradição". / L.C.
(O Estado de S.Paulo, 14/07/2010)