No primeiro mês após seu lançamento, a campanha Carne Legal conseguiu espaço na mídia em todo o país, alertando cidadãos e poder público para um problema até então pouco discutido: os crimes provocados pela pecuária ilegal e como o consumidor pode banir esse tipo de pecuarista do mercado ao optar por só comprar produtos de fazendas que respeitam a legislação.
Lançada no início de julho deste ano pelo Ministério Público Federal (MPF), Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e organização não-governamental Repórter Brasil, a campanha estimula o consumidor a valorizar produtos procedentes de propriedades rurais onde não ocorre desmatamento e trabalho escravo, entre outras irregularidades.
A campanha é formada por três vídeos para televisão, três spots para rádios, um documentário, site (www.carnelegal.mpf.gov.br), fôlderes, cartazes, adesivos, conta no twitter (@carnelegal) e assessoria de imprensa e de relações públicas. O esforço surtiu efeito: na primeira semana de campanha, os sistemas de busca na internet detectaram cerca de mil citações da expressão “carne legal”. Um mês após o lançamento já eram aproximadamente 30 mil citações.
Os vídeos da campanha disponíveis no canal do MPF no YouTube tiveram 12,3 mil acessos. O documentário Virando o Jogo, produzido para a campanha, foi apresentado na TV Justiça e também está no YouTube, podendo ser utilizado como ferramenta escolar para tratar dos temas enfocados.
Ainda segundo balanço realizado pelo MPF na primeira semana de julho, em junho as TVs divulgaram um total de uma hora e 50 minutos de reportagens sobre o assunto. Jornais, revistas e sites de notícias de todo o Brasil dedicaram à campanha mais de 50 reportagens no período, o que ajudou a campanha a contar com quase 500 seguidores no twitter.
Os atores Camila Pitanga e Marcos Winter, do Movimento Humanos Direitos, e o campeão olímpico Lars Grael gravaram mensagens de apoio à campanha. Por causa dela o MPF recebeu pedido de frigorífico para assinar acordo com a instituição e assim ser incluído na lista do site que apresenta as empresas compromissadas com a pecuária sustentável.
Além de receber críticas e sugestões, o site Carne Legal acabou virando canal para recebimento de denúncias, como a falta de controle sanitário da carne no oeste do Pará e existência de abatedouro em péssimas condições de higiene dentro de um presídio no interior de São Paulo.
A conscientização do consumidor em relação ao tema levou o empresariado a divulgar iniciativas positivas. O frigorífico Mafrinorte lançou campanha publicitária com o lema Nossa Carne é Legal e anúncios como esses já podem ser vistos na rede de supermercados Líder de Belém.
Já o Grupo Pão de Açúcar aproveitou sua participação na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), em São Paulo, para apresentar sua linha de carne bovina com código de rastreabilidade. No evento, que é a maior feira indoor de pecuária do mundo, pela primeira vez foi criado um espaço de debates em torno da pecuária sustentável.
(Ministério Público Federal no Pará, EcoDebate, 14/07/2010)