O teto para as emissões de gases do efeito estufa em 2013 será 2,4% menor, o que resultará em restrições mais severas para as empresas do continente, porém a noticia não influenciou o preço das permissões no mercado
A Comissão Européia divulgou novos detalhes da terceira fase do seu esquema de comércio de emissões (EU ETS) que terá inicio em 2013, mas analistas do mercado não viram nada de muito diferente do que já esperavam e a noticia teve pouco impacto nas negociações em andamento.
Nesta sexta-feira (9) foi confirmado que o limite de emissões para 2013 será de 1,926 bilhões de toneladas de carbono, com 1,927 bilhões de permissões (EUAs) sendo disponibilizadas.
Também ficou acertado que a partir de 2012 o limite de emissões será reduzido anualmente em 1,74% com relação a média anual do número de permissões alocadas entre 2008 e 2012, reduzindo assim o limite de 2020 em 1,7 bilhões de toneladas de CO2.
Entretanto, a Comissão afirmou em nota que os limites propostos ainda não são definitivos e podem mudar quando os planos incluírem novos setores, como aviação e produção de alumínio, assim como novos gases, como o óxido nitroso.
Analistas prevêem que os novos limites devem impulsionar os preços e em 2020 as EUAs serão negociadas entre €40 a €50 a unidade. Por enquanto o mercado não reagiu ao anúncio e as permissões seguem estáveis entre €14 e €15.
“O anúncio não trouxe surpresas. A Comissão cortou apenas 50 milhões de toneladas com relação ao que já havia sido previsto no ano passado, então tudo ficou dentro das expectativas do mercado”, afirmou Alessandro Vitelli, diretor de estratégia e inteligência da IDEAcarbon.
Porém enquanto o limite de emissões para 2013 era previsível, dúvidas começam a surgir sobre como a UE irá administrar a próxima fase do EU ETS e quando planeja leiloar as EUAs.
Em entrevista ao site BusinessGreen, Vitelli explicou que os leilões podem criar volatilidade no preço do carbono e eventualmente inundar o mercado com permissões. Segundo ele, se os leilões demorarem para acontecer o preço das EUAs pode sofrer uma grande alta até a primeira negociação válida para 2013.
“Se formos esperar até 2012 para os leilões de EUAs válidas em 2013 os compradores irão ter trabalho ao competir com todas as companhias de energia que tentarão garantir suas coberturas para a fase três do EU ETS”, concluiu Vitelli, que acrescentou que os negociadores estão ansiosos para saber quando o primeiro leilão irá acontecer.
Números mais concretos sobre os novos limites de emissões devem ser apresentados pela Comissão Européia em setembro, mas mesmo assim ainda estarão sujeitos a possíveis modificações se houver mudanças políticas no bloco. Uma alteração significativa acontecerá se a União Européia (UE) concordar em aumentar sua meta de redução de emissões de 20% para 30% em 2020 com relação aos níveis de 1990 como já está sendo discutido.
(Por Fabiano Ávila, Carbono Brasil, 12/07/2010)