Jovens que vivem em áreas com maior nível de poluição do ar podem ser mais propensos a terem doenças inflamatórias intestinais, segundo estudo recentemente publicado no American Journal of Gastroenterology. De acordo com especialistas da Universidade de Calgary, no Canadá, especificamente, pessoas com menos de 23 anos têm o dobro de chances de serem diagnosticadas com doença de Crohn se viverem em regiões com altos índices de dióxido de nitrogênio, proveniente, muitas vezes, da fumaça de veículos.
Os pesquisadores analisaram um banco de dados com informações de 367 crianças e adultos diagnosticados com a doença de Crohn e 591 com colite ulcerativa - as duas principais doenças inflamatórias intestinais - no período entre 2005 e 2008, além de relatórios sobre a qualidade do ar. E observaram que a poluição do ar pode ser um fator ambiental desencadeador de doença inflamatória intestinal. Especificamente, os níveis de dióxido de nitrogênio e de material particulado - ambos, encontrados na fumaça de veículos -, e dióxido de enxofre - produzido em processos industriais - foram associados à doença.
Os resultados indicaram que pessoas com 23 anos ou mais jovens eram duas vezes mais propensas a serem diagnosticadas pela doença de Crohn se vivessem nas regiões com maiores níveis de dióxido de nitrogênio, comparados àqueles que viviam em áreas com ar mais puro. E aqueles com até 25 anos tinham duas vezes mais chances de apresentar colite se vivessem em áreas com alta concentração de dióxido de enxofre no ar. Porém, não foi observada uma relação dose-resposta - ou seja, quanto maior a poluição, maior o risco - entre essas substâncias e a doença intestinal.
De acordo com os especialistas, esses resultados não comprovam que a poluição do ar contribui para doenças inflamatórias intestinais - que afeta cerca de um em 500 americanos -, mas levanta a hipótese de que a poluição pode ser um dos fatores ambientais que aumentam os riscos dessas condições marcadas por dor abdominal e diarreia. Eles especulam que essa relação ocorre porque a poluição pode desencadear inflamação crônica no organismo, o que aumentaria os riscos em pessoas geneticamente predispostas à doença. Entretanto, mais estudos são necessários para confirmação.
(Boa Saúde, 12/07/2010)