Os ciclistas de Porto Alegre contarão com mais 5,8 km de ciclovia na Capital, decorrentes da duplicação da avenida Beira-Rio, iniciada na quinta-feira, tendo em vista os projetos de adaptação da cidade para a realização da Copa do Mundo de 2014. O secretário da Smov, Cássio Trogildo, confirmou que a extensão do projeto será idêntica à da via que ligará a zona Sul ao Centro da Capital. "O local terá iluminação especial e poderá ser mais uma opção para os trabalhadores porto-alegrenses", declarou.
A medida pode beneficiar cerca de 3 mil ciclistas que participam regularmente das atividades promovidas pela Associação de Ciclistas da Zona Sul (ACZS) de Porto Alegre. Esse é o caso do vendedor Eduardo Vieira, morador do bairro Ipanema. Diariamente, ele pedala 40 quilômetros para ir e voltar de seu emprego em uma loja localizada na avenida 24 de Outubro, no bairro Moinhos de Vento. Ele comemorou a criação de uma via urbana exclusiva para as bikes. "Assim como eu, existe muita gente humilde que usa as bicicletas para trabalhar." Mas, segundo ele, precisa superar muitas dificuldades no trânsito, dominado por motoristas que nem sempre respeitam seu espaço. "Em Porto Alegre, as bicicletas são vistas como estorvo, quando, na verdade, são um meio de locomoção que não polui e ajuda a diminuir engarrafamentos."
Vieira também ressaltou que o costume de pedalar tem se refletido em economia. "Eu teria de pagar quatro passagens de ônibus por dia. Trabalhando seis dias por semana, meu custo alcançaria cerca de R$ 140", explicou. A empresa conta com duchas, onde o funcionário pode tomar banho antes de vestir o uniforme e começar a atender aos clientes. O presidente da ACZS, Paulo Alves, também demonstrou entusiasmo com o investimento. "A ciclovia é um grande avanço para a cidade, porque a área da orla do Guaíba é um dos locais preferidos por quem usa bicicleta", relatou. Ele explicou que a chance de conexão com a avenida Diário de Notícias vai favorecer muitos trabalhadores da zona Sul. "A ciclovia localizada na Restinga, por exemplo, é muito usada por esse público", relatou. Alves destacou que um dos objetivos da associação é a educação dos ciclistas em relação ao Código de Trânsito, que considera as bicicletas um veículo.
"Fizemos uma pesquisa em Porto Alegre e ela demonstrou que 95% das pessoas que têm carro também têm bicicletas, mas que não as utilizam por medo de acabar atropeladas", disse. Atualmente, a instituição conta com 120 associados.
Em agosto, a associação terá uma reunião com o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, na tentativa de receber apoio para a construção de um velódromo. "Também gostaríamos que o piso usado na avenida Diário de Notícias, de concreto, fosse trocado por asfalto", declarou o presidente da associação.
Atualmente, Porto Alegre conta com 7,3 quilômetros de ciclovias, conforme informações da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Também estão previstos investimentos semelhantes para as avenidas Sertório e Ipiranga. As duas obras estão dependendo da formulação dos projetos técnicos e da captação de financiamento.
(Correio do Povo, 12/07/2010)