O ambientalista francês Jean-Michel Cousteau, filho de um dos precursores na área da militância ambiental Jacques Cousteau, comparou a busca da preservação dos recursos naturais às regras de gestão para manter uma empresa. O painelista, que fez discurso em tom de esperança a uma plateia de 700 jovens estudantes na sede da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), evento do Programa Estágio Empreendedor, ressaltou que o capital disponibilizado pelo planeta Terra para o ser humano não pode ser explorado até exaustão.
"Temos de nos tornar conscientes e gerenciar este capital como se faz a gestão de uma empresa", comparou o ambientalista, que dosou sua defesa dos recursos naturais com vídeos e lições sobre as belezas e potenciais em diversas partes do globo. Para Cousteau, as companhias devem usar seus lucros ou ganhos e não exaurir seu capital. Se isso ocorrer, elas deixarão de existir. O mesmo processo, argumentou o painelista francês, deve se repetir com as possibilidades de produção que o ambiente proporciona.
Para o ambientalista, informação e diálogo são canais para reverter a extinção do "capital" da natureza e recuperar o planeta. "Tenho muita esperança também nas novas gerações que já nascem com a preocupação de que é preciso preservar e recuperar", salientou Cousteau, ante um público atento. "Devemos pensar nisto como gestão de capital. Como uma empresa faz com seus negócios." Ele citou como exemplo as ilhas no Norte do Havaí, no Pacífico, que eram depósito de lixo de 52 países. "Em 2006 estive com o então presidente George Bush e expliquei o que estava acontecendo. Ele nomeou as ilhas como patrimônio internacional e o problema terminou", contou. Cousteau defendeu que os oceanos e demais recursos hídricos, como rios, devem ser vistos como sistema único. Citou que a poluição e contaminação de águas levam doenças às pessoas. "Sem água, não há vida. Se ela estiver suja é sinônimo de doença e morte", reforçou. O ambientalista frisou que a mudança climática é uma realidade. Propôs que o maior conhecimento do problema poderá ajudar e reverter a evolução do impacto do aquecimento. "É o que me proponho a fazer: informar sobre os problemas sem fazer acusações ou apontar culpados."
(JC-RS, 09/07/2010)