Uma equipa de cientistas ingleses e norte-americanos calculou que estão por descobrir mais dez a 20 por cento de plantas com flor, chamadas angiospérmicas. Por isso, o número de espécies ameaçadas será maior do que o actualmente estimado. Esta é a conclusão de um estudo publicado ontem na revista Proceedings of the Royal Society B.
“Os cientistas estimam que, ao todo, podem existir entre cinco e 50 milhões de espécies, menos de dois milhões destas espécies foram descobertas até agora”, refere no comunicado Lucas Joppa, primeiro autor e investigador da Microsoft Research, em Cambridge. “Utilizando métodos novos, conseguimos refinar a estimativa total das espécies de plantas com flor e calcular quantas é que ainda não foram descobertas.”
A equipa foi buscar a informação que estava online no World Checklist of Seleceted Plant Families e no jardim botânico Kew Gardens. A partir dos dados conseguiram inferir a proporção de espécies ameaçadas. “Se calcularmos o número de espécies que agora estão ameaçadas e adicionarmos aquelas que ainda não foram descobertas, podemos estimar que entre 27 e 33 por cento de todas as plantas com flor estão ameaçadas de extinção”, diz David Roberts do Instituto de Durrell para a Conservação e Ecologia da Universidade de Kent, onde a investigação foi conduzida.
Segundo Joppa estas descobertas têm grandes implicações a nível de conservação já que, se as espécies são desconhecidas, o mais provável é serem muito raras e estarem ameaçadíssimas. “A percentagem reflecte o impacto global de factores como a perda de habitat e pode aumentar se tivermos em conta outras ameaças como as alterações climáticas”, refere o autor.
As plantas com flor foram a última grande invenção evolutiva no Reino Vegetal. Os fósseis mais antigos destas espécies conhecidos para a ciência são contemporâneas dos dinossauros. As primeiras plantas existiram há 140 milhões de anos.
(Ecosfera, 08/07/2010)