Empresas se comprometem a não comprar de produtores que devastem.
No último ano, foram encontradas 76 plantações em desmatamento novo.
Em encontro realizado nesta quinta-feira (8), em São Paulo, associações do agronegócio e ambientalistas renovaram pela terceira vez consecutiva a chamada Moratória da Soja, pela qual as empresas do setor se comprometem a não comprar a commodity que tenha origem em áreas desmatadas desde 2006 na Amazônia.
O objetivo do pacto é evitar que a soja provoque desmatamento. Nos últimos 12 meses, o monitoramento da produção foi feito em áreas maiores que 25 hectares (250 mil metros quadrados). Nos anos anteriores, o controle vinha sendo feito em áreas de 100 hectares.
O maior detalhamento é resultado de uma nova parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desenvolvida especialmente para áreas agrícolas. No total, o sistema detectou 2.955 polígonos de desmatamento maiores que 25 hectares, o que, somado, resultou em 302.149 hectares.
Após fazerem voos de reconhecimento, foram identificados 76 focos com plantio de soja em desmatamento recente, um total de 6.295 hectares. Isso representa 0,36% da soja plantada em 52 cidades de Mato Grosso, Rondônia e Pará que concentram 98% da soja produzida na Amazônia. A região concentra pouco mais de7 % do total plantado no país, segundo dados apresentados por Bernardo Rudorff, pesquisador do Inpe.
A garantia de que a soja não tem origem em desmatamento recente ganha importância á medida que o mercado exige práticas que respeitam o meio ambiente. As empresas que assinaram a moratória representam mais de 90% do mercado de soja no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), presentes na renovação do acordo.
Presente ao ato de renovação, a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira aproveitou para criticar a aprovação da reforma do Código Florestal em comissão na Câmara dos Deputados. “Acho que precisamos de mais debate sobre a questão que anistia produtores que tem até 4 módulos fiscais.
Temos que trabalhar para regularizar o cadastro ambiental dos pequenos agricultores”. A ministra informou que o zoneamento econômico ecológico da Amazônia deve ficar pronto até dezembro.
(Globo Amazônia, 08/07/2010)