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amazônia
2010-07-09 | Tatianaf

Uma técnica de monitoramento por satélite desenvolvida pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) permitiu dobrar a área monitorada em busca de soja ilegal na Amazônia.

Ontem, a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) anunciou a extensão por mais um ano da chamada moratória da soja, firmada em 2006, pela qual as empresas se comprometem a não comprar o grão oriundo de novos desmatamentos.

O cumprimento da moratória é fiscalizado principalmente por meio de sobrevoos de áreas agrícolas nos 52 municípios de Pará, Mato Grosso e Rondônia que concentram 98% da produção de soja no bioma Amazônia.

Essas áreas são cruzadas com as imagens de satélite do Prodes (sistema que produz as estimativas oficiais de desmatamento). Se houve abertura de áreas novas para a lavoura, a Abiove é notificada -- e as empresas que formam a associação, as maiores do setor, param de comprar daquela fazenda. Mesmo que o desmatamento tenha sido autorizado.

"O cara pode até estar legal do ponto de vista da lei, mas não está do ponto de vista do mercado", diz Bernardo Rudorff, da Divisão de Sensoriamento Remoto do Inpe.

Rudorff desenvolveu um sistema que permite ampliar e refinar o monitoramento anual dessas áreas. A técnica usa imagens do satélite Modis para acompanhar a evolução dos desmatamentos, fiando-se no fato de que lavouras refletem a luz de forma diferente dos pastos. Olhando uma série de imagens do mesmo ponto feitas pelo satélite de outubro a janeiro, os pesquisadores conseguem flagrar as diferentes etapas da lavoura -- do preparo do solo até o cultivo.

"São áreas com possibilidade de lavoura, mas pode ser soja ou milho", afirma Rudorff. O tira-teima é, aí sim, feito por avião.

Também foi possível enxergar os desmatamentos em mais detalhes: os últimos monitoramentos olharam apenas áreas maiores que 100 hectares. Agora, foi possível olhar também áreas com mais de 25 hectares. Como resultado, a área observada cresceu de 158 mil para 302 mil hectares.

O novo sistema permitiu monitorar 2.955 áreas desmatadas. Destas, 194 tinham possibilidade de lavoura, e 76 eram efetivamente soja - 6.0295 hectares plantados contra 1.384 no ano passado.

"Se a moratória não estivesse tendo efeito, esse número seria muito maior", diz o pesquisador. Ele lembra que a conversão de uma floresta a um campo de soja leva cerca de três anos. Com a moratória assinada em este seria o ano em que a produção do grão em áreas desmatadas deveria explodir, e não explodiu. "O que fica claro é que o desmatamento hoje não está ligado ao plantio de soja", afirma Rudorff.

(Folha Online, 08/07/2010)


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