Após dez anos consumindo, em média, dez cigarros por dia, a decoradora Sônia Aparecida Medeiros de Moreira já começa a sentir os benefícios de ter deixado de fumar há 15 dias. “Hoje me senti bem melhor. As pessoas dizem que não tenho mais cheiro de cigarro e, além disso, durmo com mais tranquilidade”, disse. E comemora outra vitória. “Meu marido também era fumante e está largando também esse vício”.
Assim como ela, dezenas de pessoas estão se beneficiando do Programa Anti-Tabagismo desenvolvido pela Prefeitura de João Pessoa (PMJP), através da Secretaria de Saúde (SMS), em parceria com o Governo Federal. O programa conta com Centros de Referência contra o Fumo em três Centros de Assistência Integrada da Saúde (Cais), nos bairros do Cristo, Jaguaribe e Mangabeira, e ainda no Centro Social de Mandacaru. Atualmente, o programa já atendeu mais de 200 pessoas na cidade, com existência de filas de espera de pessoas que querem se livrar do vício de fumar.
Assim como Sônia Aparecida, outra pessoa beneficiada com o programa em Mandacaru é Vilma Santos Bezerra, que fumava desde os 14 anos de idade. Agora, com 29 anos, ela experimenta a sensação de estar há uma semana longe dos cigarros. “Se eu não tivesse entrado para o grupo, não teria conseguido ainda ficar longe desse vício. Sempre quis parar de fumar, mas acabava adiando esse desejo”, afirmou.
Ela fumava uma carteira de cigarros a cada dois ou três dias. Vilma passou a frequentar o grupo após o convite de uma amiga, que também estava tentando abandonar o vício. Toda semana, ela se desloca de Mangabeira até o bairro de Mandacaru para participar da reunião do grupo, realizada nas quartas-feiras, no período da tarde.
O programa de anti-fumo é realizado nos centros por uma equipe multidisciplinar formada por profissionais como médicos pneumologistas, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e fisioterapeutas. O atendimento é oferecido de forma gratuita, sendo realizado inicialmente, durante um mês, com continuidade do tratamento com reuniões de manutenção, para dar apoio às pessoas que já deixaram de fumar ou estão em processo de abandono do uso do cigarro.
“Geralmente essas reuniões de manutenção acontecem uma vez ao mês, mas dependendo do local, podem ser feitas semanalmente, como acontece aqui no Cais de Mangabeira”, informou a diretora do Centro, Karinne Dantas de Oliveira. Segundo ela, no local já foram abertos desde o início do programa, em 2006, 36 grupos anti-fumo. A maioria das pessoas que procuram o grupo possui entre 30 e 49 anos de idade. A lista de espera no Centro conta com 163 pessoas, que aguardam a oportunidade de participarem do programa.
No Cais do Cristo, o programa foi implantado há um ano e quatro meses, e conta hoje com quatro turmas. “Das 100 pessoas que atendemos aqui no programa anti-tabagismo, 15 conseguiram parar de fumar na fase inicial, sem utilização de remédios, e 30 com o uso dos medicamentos anti-fumo”, revelou a assistente social Edilza Raulino. Os medicamentos utilizados no programa são adesivos, gomas de mascar e comprimidos, para inibir o desejo de fumar.
O funcionário público José Eudes Mendes, que fumava há 35 anos, está há quase dois meses livre dos efeitos do cigarro. “Já havia tentado me livrar do vício outras vezes, mas não conseguia. Agora, com a ajuda do grupo, através do uso dos adesivos, estou sem fumar desde o início do mês de maio”, disse. Segundo José Eudes, essa já é uma grande vitória, e com a distância do cigarro vem tendo outras conquistas, como uma pele com melhor aparência, além de não ter mais o cheiro do cigarro nas roupas. Ele participa do grupo anti-tabagismo do Cais do Cristo.
O programa vem dando tão certo que alguns ex-fumantes fazem palestras para os atuais participantes de grupos contando suas experiências na luta contra o cigarro. “Deixar de fumar é um processo gradual, que precisa força de vontade. Os depoimentos de ex-fumantes contribuem para fortalecer os atuais participantes do grupo, fortalecendo o aspecto emocional”, declarou Geralda Rodrigues, diretora do Centro Social de Mandacaru.
O tratamento nos Centros de Referência de Combate ao Tabagismo tem duração de um ano. Entre os anos de 2006 e 2008 foram atendidas 425 pessoas. Dessas, 28,5% abandonaram o vício, 44% concluíram o tratamento de um ano, mas não deixaram de fumar e 27,5% esqueceram o tratamento.
Pesquisas – Estudos científicos garantem que não existem níveis seguros de exposição à fumaça que sai da ponta acesa dos produtos de tabaco. Ela contém substâncias tóxicas em quantidades mais elevadas do que na fumaça tragada pelos fumantes: alcatrão até 50 vezes mais; nicotina e monóxido de carbono de três a cinco vezes mais. Além disso, responde por algo em torno de 95% dos elementos cancerígenos transportados pelo ar em recintos coletivos.
Tratamento – As pessoas que quiserem participar dos grupos de tratamento devem procurar os CAIS ou Centro de Saúde mais próximos de suas casas.
Confira os endereços e telefones:
CAIS Jaguaribe – R. Alberto de Brito, s/n, Jaguaribe – Fone: 3214-4075
CAIS Cristo – R. Olívia de Almeida Guerra, nº 50, Cristo – Fone: 3214-2623
CAIS Mangabeira – R. Romário C. de Morais, s/n, Mangabeira I – Fone: 3213-1909
Centro de Saúde Mandacaru – R. Mascarenhas de Morais, s/n, Mandacaru – Fone: 3214-7143
(Por Lindjane Pereira, Paraiba, 08/07/2010)