Cientistas da Universidade de Aberdeen, na Escócia, anunciaram ter descoberto mais de 10 possíveis novas espécies marinhas após explorar as profundezas do Oceano Atlântico. O resultado da expedição, segundo os pesquisadores, pode revolucionar o conhecimento sobre a vida em águas profundas.
A equipe do programa internacional de pesquisas MAR-ECO, do qual participam 16 países, usou uma sonda britânica de exploração controlada remotamente e que é capaz de alcançar uma profundidade de 3,6 mil metros. Muitas outras espécies raras foram coletadas durante a viagem de seis semanas, finalizada em junho, a bordo do navio de pesquisas James Cook.
A área pesquisada fica entre a Islândia e o arquipélago de Açores, em uma área abaixo das águas frias da corrente do Golfo e das águas quentes do sul do Atlântico.
– Ficamos surpresos em quão diferentes eram os animais em cada lado da dorsal meso-atlântica (uma enorme cadeia de montanhas submarinas), que ficam a apenas alguns quilômetros de distância um do outro – diz o professor Monty Priede, diretor do Laboratório Oceanográfico da Universidade de Aberdeen.
Animais dos dois lados do oceano são muito diferentes
De acordo com os cientistas, no Nordeste, ouriços-do-mar eram dominantes nas planícies, e as depressões eram coloridas por esponjas, corais e outras espécies. Já no noroeste, as depressões eram dominadas por rochas cinza, com muito menos vida. As planícies são o habitat de enteropneustas de águas profundas (tipo de invertebrado com o cordão dorsal pouco desenvolvido) – apenas algumas espécies, do Oceano Pacífico, eram conhecidas.
– Esses animais integram um grupo pouco conhecido próximo do ainda desconhecido elo evolutivo entre animais invertebrados e vertebrados – explica Priede, acrescentando que foram descobertas três novas espécies do grupo.
Pepinos do mar, normalmente vistos rastejando lentamente nas planícies abissais do leito do oceano, foram encontrados em declives íngremes e sob as pedras da cadeia de montanhas submarina. Os cientistas ficaram surpresos com a agilidade e velocidade dos animais.
As descobertas mostram, afirmam eles, que se deve estudar não somente as águas das margens, mas também as montanhas e os vales no meio dos oceanos.
– Com novas tecnologias e navegação precisa, podemos chegar a essas regiões e descobrir coisas que nunca suspeitamos existir – destaca Priede.
(Zero Hora, 08/07/2010)