Uma avaliação independente do vazamento de e-mails da Universidade de East Anglia (Reino Unido), episódio conhecido como Climagate, concluiu que os autores das mensagens, acusados de falsear dados sobre o aquecimento global, agiram de forma honesta.
Segundo o painel de investigação, liderado pelo ex-funcionário público britânico Muir Russell, as pesquisas dos cientistas ligados ao Climagate são confiáveis.
A investigação, contudo, concluiu que os pesquisadores deveriam ter compartilhado mais dados com seus críticos. "O rigor e a honestidade deles como cientistas são inquestionáveis", afirmou Russell. "Faltou, no entanto, mostrar um nível apropriado de transparência."
Essa é a terceira investigação sobre o roubo e divulgação de mais de mil e-mails do servidor da universidade.
As mensagens causaram escândalo porque os climatologistas atacavam negacionistas da mudança climática em termos violentos e chegavam a sugerir que fossem impedidos de publicar trabalhos em revistas científicas.
No entanto, Russell criticou a universidade por mostrar "má vontade" diante de pedidos ligados à Lei de Liberdade de Informação britânica -dispositivo que exige a liberação de dados de interesse público no país.
Concluída a investigação, Jones receberá o cargo de diretor de pesquisa climática em East Anglia, informou o vice-chanceler da universidade, Edward Acton.
É difícil saber o impacto do Climagate sobre a crença do público na realidade do aquecimento global. No Reino Unido, uma pesquisa feita no mês passado revelou que 78% dos britânicos acreditam que o planeta está esquentando, contra 91% do público cinco anos atrás.
(Folha de São Paulo, 08/07/2010)